Num movimento inverso ao de ontem, a curva de juros ganhou inclinação nesta terça-feira (20), com as taxas curtas em baixa e as demais, em alta firme. Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacando que a alta da Selic, como precificado pela curva, não está decidida ainda e o avanço do dólar ante o real trouxeram ajustes nos principais vencimentos. Com isso, apostas mais agressivas de aperto nos próximos meses refluíram um pouco.
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No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,795%, de 10,844% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caía de 11,55% para 11,48%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 11,41% (de 11,40%) e a do DI para janeiro de 2029, taxa de 11,45%, de 11,38%.
Tanto na entrevista à jornalista Miriam Leitão quanto em evento do banco BTG, Campos Neto ressaltou o caráter “data dependent” das próximas decisões de política monetária, o que explica o fato de o BC não ter colocado nenhum tipo de guidance. De todo modo, reiterou que se for preciso a Selic vai subir. “Continuamos entendendo que é importante esperar, ver os dados”, afirmou hoje. Até porque, na entrevista, ele pontuou que há uma dúvida entre os membros do Copom se os riscos estão simétricos ou não, se o risco de aumento e queda de inflação, são iguais.
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Foi um recado para os mais ‘hawkish’ com a política monetária e a curva respondeu com alívio nas taxas curtas e pressão de alta nas longas. A probabilidade de aumento de 50 pontos-base para a Selic em setembro, ontem em 20%, caía para 12% a meados da tarde. O orçamento total de alta recuava a 155 pontos-base, de 160 pontos-base ontem. Os cálculos são do economista-chefe do banco Bmg, Flávio Serrano.
O dólar fechou em alta de 1,31%, a R$ 5,4831. “Houve um desarme em posições, especialmente de hedge funds, que operam DI e câmbio de forma casada. Mas o cenário segue positivo”, afirma Beto Saadia, diretor de Investimentos da Nomos.
Para ele, o ajuste de hoje não altera a perspectiva benigna, apoiada no endurecimento do discurso do Banco Central quanto à trazer a inflação de volta à meta, nos indícios de um soft landing da economia americana e da melhora do quadro fiscal, sendo que estes dois últimos fatores tendem a ganhar evidência nos próximos dias. Na sexta-feira, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, discursa no Simpósio de Jackson Hole e a expectativa é de endosso às apostas de início do ciclo de flexibilização dos juros nos EUA em setembro. Pelo lado doméstico, o governo vai entregar a proposta orçamentária de 2025 na próxima semana, “já com parte importante de revisão de gasto, mas ainda há com um pedaço a fazer”, nas palavras do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan.