Os juros futuros fecharam em baixa, em correção ao movimento de alta de ontem, estimulados pela percepção de menor risco de atuação mais agressiva do Federal Reserve na política monetária e expectativa de ajustes no texto do arcabouço fiscal no Congresso. Na semana, porém, as taxas subiram, com ganho de inclinação, refletindo os atrasos da entrega da regra fiscal ao Legislativo e a decepção com o teor do projeto.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,22%, de 13,27% no ajuste de ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 12,11% para 11,96%. A taxa do DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,93%, de 12,09%, e a do DI para janeiro de 2029 recuou de 12,43% para 12,33%. Na semana, as taxas até o miolo avançaram até 10 pontos-base e as longas, até 25 pontos.
O mercado aparou prêmios especialmente nos vértices intermediários, refletindo ainda a opção do Tesouro de colocar lotes menores, em quantidades e risco, no leilão de prefixados. Logo pela manhã, os temores de recessão que se instalavam no exterior já influenciavam a curva de juros, após divulgação de balanços decepcionantes da Tesla, American Express e AT&T e aceleração nos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, além da ata do Banco Central Europeu (BCE), considerada “hawkish”. Os juros dos Treasuries cederam, assim como o dólar.
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“O movimento de desvalorização global do dólar favoreceu alguma recuperação do real e isso contribuiu para o fechamento da curva, porque temos os assuntos domésticos em banho-maria”, destacou Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. No entanto, se comparada ao fim da semana passada, a curva se deslocou um pouco para cima, diz a economista, por conta da cautela com o arcabouço e incertezas que se tem com o tema dentro do Congresso.
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, lembrando que ontem a curva estressou bastante, disse que o movimento de correção teve contribuição dos sinais de atividade no exterior, que indicaram que o Federal Reserve não deve subir tanto o juros. “Há ainda uma discussão de que no Congresso o arcabouço pode sofrer alteração para colocar algum tipo de responsabilização em caso de descumprimento de regras”, disse.
De acordo com apuração do Estadão, o dispositivo que retira a punição ao presidente da República caso descumpra a meta fiscal deve enfrentar forte resistência dos parlamentares, sobretudo do Centrão. Nesse contexto, foi bem recebida a confirmação de que o deputado Claudio Cajado (PP-AL) será o relator do texto na Câmara. O PP do presidente da Casa, Arthur Lira, não é oposição ao governo, mas também não faz parte da base aliada, o que, no raciocínio do mercado, aumenta as chances de eventuais ajustes.
Nesta tarde, Cajado, que prefere chamar o arcabouço de “novo marco fiscal”, disse que vai “analisar profundamente as exceções incluídas no texto”, mas que no momento não poderia dizer se o projeto vai ficar mais duro ou menos duro. Afirmou ainda que a tramitação do marco é prioritária e que a instalação de uma eventual Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar o caso Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não deverá paralisar a Câmara. Por fim, informou que a Casa deve votar urgência e assim o projeto deve ir direto a plenário.
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