A curva de juros futuros percorreu a segunda etapa da sessão desta quinta-feira (3) em alta nos vencimentos intermediários e longos. Em um dia sem novidades no noticiário econômico local e liquidez reduzida, o mercado brasileiro acompanhou a movimentação dos EUA, onde os rendimentos dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) subiram, em reação a dados de emprego mais fortes do que o previsto no país em junho.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 passou de 14,917% no ajuste anterior para 14,920%; a do DI de janeiro de 2027 fechou em 14,140%, vindo de 14,118% no último ajuste; a do DI de janeiro de 2028 aumentou de 13,327% no ajuste da véspera para 13,365%, e o DI que vence em janeiro de 2029 avançou a 13,210%, de 13,144% no ajuste mais recente.
Quando o mercado no Brasil fechou, os juros dos títulos públicos de dois anos e de dez anos subiam a 3,883% e 4,346% nos EUA, respectivamente. Já o rendimento da T-Bond de 30 anos avançava para 4,863%. Divulgado hoje, o payroll mostrou que a economia americana abriu 147 mil empregos no mês passado, acima da mediana de 110 mil vagas prevista pelo Projeções Broadcast. A leitura foi interpretada como um sinal de resiliência do mercado de trabalho e enfraqueceu apostas de que o Federal Reserve (Fed) corte os juros já em julho.
Como, internamente, não houve nenhum fator novo no radar do mercado que pudesse dar alívio aos juros futuros, os DIs refletiram trajetória da curva a termo americana, afirma Luis Otavio Leal, sócio e economista-chefe da G5 Partners. A alta mais forte nos vencimentos mais longos por aqui, destaca Leal, praticamente refletiu o comportamento dos Treasuries. “Desde ontem o mercado local tem acompanhado o que acontece lá fora”.
Para Seema Shah, estrategista-chefe global da Principal Asset, a geração de vagas acima do previsto nos EUA, além da queda na taxa de desemprego e a redução nos pedidos de auxílio também evidenciados no payroll, diminuem a possibilidade de que o Fed corte os juros este mês. “Os dados indicam que não há qualquer urgência para uma ação de estímulo por parte do Fed”, afirma Shah.
“Os dados mais recentes do mercado de trabalho americano continuam surpreendendo positivamente”, avalia Luis Ferreira, CIO para Américas do EFG. Para Ferreira, a dinâmica do payroll está alinhada à expectativa de que o BC americano levará em conta a força da atividade e potenciais riscos inflacionários para definir os próximos passos da política monetária. “Ainda assim, mantemos a visão de que há espaço para dois cortes de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros ainda este ano”, disse.
No lado doméstico, Leal, da G5 Partners, observa que mercado está atento aos próximos desenvolvimentos da crise do IOF, mas não houve impacto de percepção de piora do risco fiscal na curva hoje.