Os juros futuros percorreram a sessão desta terça-feira (24) em baixa, influenciados principalmente pelo ambiente externo. Internamente, mais do que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que praticamente não mexeu com os preços, o mercado operou de olho no cenário eleitoral para 2026.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,950%, de 14,962% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, em 14,21%, de 14,26% ontem. O DI para janeiro de 2028 terminou a sessão com taxa de 13,48% (13,52% ontem) e a do DI para janeiro de 2029 passou de 13,39% para 13,37%.
Como a ata do Copom veio sem novidades em relação ao comunicado, o mercado deslocou o foco para o cenário internacional. O cessar-fogo entre Israel e Irã, anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, reduziu as incertezas geopolíticas e o risco de desabastecimento de petróleo, levando a commodity a recuar mais 6%, o que ajudou na queda do juros dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries).
Além disso, vêm crescendo as apostas de corte de juro pelo Federal Reserve em sua próxima reunião, ainda que o presidente do Fed, Jerome Powell, tenha afirmado hoje, em audiência na Câmara dos EUA, que a autoridade monetária não precisa “ter pressa” para cortar juros, se recusando a apontar uma data específica em que o relaxamento monetário será retomado.
“Entre ontem e hoje, tivemos três diretores do Fed falando em corte de juros, e a trégua no conflito entre Irã e Israel causou descompressão de risco”, afirma Júlio César Barros, economista do banco Daycoval.
O economista-chefe e sócio da G5 Partners, Luis Otávio de Souza Leal, destaca porém que Powell reconheceu que há possibilidade de tarifas mais brandas que o esperado, o que levaria a uma inflação benigna. “Vem se consolidando um otimismo sobre o efeito das tarifas, de que podem não ser tão nocivas, e isso ajuda a curva aqui”, afirma. Para Leal, a possibilidade de corte antecipado de juros nos EUA favorece o debate sobre o início da flexibilização da Selic.
“A ata reforçou em especial dois pontos do comunicado na semana passada, a ideia de permanecer com os juros no patamar atual por um período prolongado, e que o BC não vai hesitar em voltar a um ciclo de alta se for necessário”, endossou Barros.
No documento, os diretores argumentaram que a antecipação da interrupção no ciclo de elevação de juros é necessária para avaliar os impactos acumulados ainda a serem observados da política monetária. E voltaram a dizer que, determinada a taxa apropriada de juros, ela deve permanecer em patamar “significativamente contracionista por período bastante prolongado” devido às expectativas desancoradas.
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As taxas que mais caíram foram as do miolo da curva, a partir do contrato para janeiro de 2027, período pós-eleitoral. “Já entra no período do novo governo e o mercado começa a ver candidatos mais competitivos para enfrentar Lula. Esse miolo hoje é o ‘low’ da curva”, afirma Leal.
Levantamento divulgado pelo Paraná Pesquisas mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está empatado tecnicamente nos cenários de segundo turno à Presidência contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).