Os juros futuros fecharam a segunda-feira (13) em baixa, na contramão da abertura da curva dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries) nos EUA e da piora das estimativas de IPCA na pesquisa Focus. O recuo foi atribuído por profissionais da área de renda fixa a um ajuste técnico após a escalada vista na sexta-feira, viabilizado por um certo alívio com declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,95%, de 15,08% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 15,43% para 15,31%. O DI para janeiro de 2028 tinha taxa de 15,32% (de 15,41%) e o DI para janeiro de 2029 fechou com taxa de 15,34%, de 15,35%.
Sem nenhuma mudança nos fundamentos nem novidades no noticiário, o alívio nos prêmios de risco surpreendeu ao desafiar a escalada dos yields dos títulos dos EUA e com as expectativas de inflação se deteriorando ainda mais na pesquisa Focus. O dólar ajudou, mas não esteve em queda o tempo todo, com as taxas sustentando o sinal de baixa mesmo nos momentos de alta da moeda.
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“É bastante interessante essa divergência. Em parte, obviamente, porque a gente teve uma performance muito pior durante o ano passado, principalmente no final. Então, esse ajuste pode estar relacionado à virada do ano calendário, quando se tem, eventualmente, um pouco de espaço a portfólios mais leves, um pequeno aumento da disposição a risco em economias emergentes”, afirmou o economista-chefe da Porto Asset, Felipe Sichel, ao comparar o comportamento das taxas no Brasil e nos EUA.
A taxa da T-Note de dez anos chegou a bater 4,80% durante a sessão, no pico desde novembro de 2023. A pressão ainda reflete os dados fortes do payroll de dezembro e cautela com os dados de inflação americana que saem na semana e que podem reforçar a percepção de que o espaço para mais cortes de juros nos EUA está se fechando. A surpresa com os indicadores do mercado de trabalho e da atividade chega num momento de apreensão com o novo governo Trump, que deve ter viés inflacionário se concretizadas as promessas de aumento de tarifas de importação e políticas de imigração mais rígidas.
A queda do dólar também contrariou o sinal externo. O dólar fechou com desvalorização marginal, de 0,06%, a R$ 6,0985, no segmento à vista.
As mínimas das taxas futuras foram atingidas durante o discurso de Guillen, que participou de live organizada pela Bradesco Asset. A fala não trouxe novidades, mas nas mesas de operação a avaliação é de que o mercado esperava um tom mais duro do diretor, que é considerado o “falcão do Copom”, após a carta aberta enviada pelo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sexta-feira.
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“Foi durante a fala do Guillen que a gente viu a maior parte do movimento. Agora, é relevante que o guidance continua dado, ou seja, a gente vai continuar vendo dois movimentos de 100 pontos. De resto, acho que fez uma marcação a mercado da conjuntura durante a fala”, afirmou Sichel.
Guillen disse que a barra para alterar o forward guidance sobre a condução dos juros, de mais duas alta de 1 ponto porcentual da Selic, é alta e que a orientação foi estabelecida porque a visão do comitê migrou de um cenário que era mais incerto um de materialização de riscos. O guidance, disse, continua válido, mas será importante monitorar o “termômetro da atividade”, diante das expectativas de um primeiro trimestre forte para o PIB.
Ele repetiu que a desancoragem das expectativas de inflação incomoda a todo o colegiado e que o BC tem atuado para reverter o movimento, independentemente das suas causas. “A gente saiu um pouco do debate de quais são os motivos”, disse, “para um debate de ‘estamos desconfortáveis, precisamos atuar’.”