(Denise Abarca, Estadão Conteúdo) — Os juros fecharam a sexta-feira em queda, reforçada no período da tarde quando bateram as mínimas da sessão. O apetite ao risco no exterior conduzindo os ativos domésticos, apesar dos novos alertas de política monetária por dirigentes do Federal Reserve. As taxas locais mais cedo já haviam superado a reação negativa à deflação do IPCA menor do que a esperada e a leitura negativa dos preços de abertura, mas que não chegaram a afetar as apostas para Selic. Na segunda etapa, acabou prevalecendo a expectativa favorável ao cenário de desinflação aqui e no exterior, estabelecida pelas reiteradas mensagens de vigilância dos bancos centrais. No balanço da semana, a curva teve perda de inclinação.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,92%, de 13,02% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,76% para 11,64%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,29%, de 11,41%.
A redução da inclinação é atribuída sobretudo à confiança do mercado de que a atuação dos bancos centrais será efetiva em trazer a inflação de volta às metas. “Há um movimento quase que sincronizado de várias curvas de juros em ‘flattening’. O racional parece ser que os BCs estão antecipando os aumentos de juros (front loading), então vão terminar o ciclo antes”, afirmou um economista, destacando que o principal desafio agora será não autorizar cortes tão cedo.
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Hoje a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, com direito a voto, defendeu “firmeza” e “intencionalidade” no processo de aperto monetário. O diretor do Fed, Christopher Waller, disse que espera juro terminal de 4%, mas não descarta nível maior se inflação não moderar. No começo da semana, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária, Bruno Serra, também deram recados duros ao mercado, apontando, entre outras questões, inconsistência entre projetar IPCA acima da meta em 2024 e discutir queda de juros e que um possível ajuste final da Selic este mês será avaliado.
No Brasil, o fechamento das taxas tem ainda apoio da expectativa de queda da inflação nos próximos meses, em meio às desonerações e recuo das commodities. Hoje o petróleo fechou em alta de quase 4%, mas teve queda na semana, rodando em níveis bem comportados, o que sustenta apostas de novos cortes nos preços da gasolina pela Petrobras. O tipo Brent encerrou em US$ 92,84 por barril. O destaque da agenda doméstica foi o IPCA de agosto, que caiu 0,36%, menos do que os 0,40% esperados. Isso, somado aos preços de abertura ainda em níveis preocupantes, puxou para cima as taxa curtas no começo da sessão, com os agentes resgatando os alertas do BC no começo da semana. Posteriormente, com a força do exterior, o avanço se dissipou. Até porque o dado não alterou o quadro de apostas para a Selic, que na curva termo segue dividido entre manutenção e alta de 0,25 ponto porcentual para o Copom de setembro.