Os juros futuros fecharam a sessão desta sexta-feira (16) em alta moderada em relação aos ajustes de ontem e também ante os níveis da última sexta-feira (9). A inflação no atacado nos Estados Unidos somada a discursos pouco mais duros de dirigentes do Federal Reserve reforçaram a cautela em relação à política monetária e fizeram pressão para cima na curva local.
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O impacto, porém, foi amortecido pela deflação do IGP-10 de fevereiro maior do que a esperada. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,04%, de 9,996% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 terminou em 9,87%, de 9,79%. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 9,97% para 10,03% e a do DI para janeiro de 2029, de 10,43% para 10,45%. A semana terminou com um reforço nas preocupações inflacionárias nos Estados Unidos.
Na esteira da surpresa com o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) na terça-feira, a alta do índice de preços ao produtor (PPI, em inglês) de janeiro, de 0,3%, divulgado pela manhã, superou o consenso de 0,1%. O quadro sugere que o Fed tende a esperar um pouco mais para iniciar o corte de juros, a despeito de dados de atividade ontem terem surpreendido para baixo.
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O economista-chefe da Azimut Wealth Management, Gino Olivares, destaca que a surpresa nos dados de inflação nos EUA nesta semana foi puxada, em ambos os casos, pelo setor de serviços, que também vem impulsionando o mercado de trabalho.
Segundo ele, em que pese o Fed se pautar no índice de preços de gastos com consumo (PCE), os elementos do CPI e do PPI são utilizados como insumos para o cálculo do PCE e várias casas já estão revisando para cima suas projeções para o dado de janeiro, que sai dia 29. “Os mercados se apressaram a precificar um cenário extremamente favorável, de desinflação com crescimento e ciclo agressivo de cortes de juros. O Fed manteve uma postura mais cautelosa; mas seus erros de comunicação dificultaram a transmissão dessa mensagem de cautela. Agora parece que, finalmente, os mercados estão convergindo a uma visão mais realista”, diz.
A presidente do Fed de San Francisco, Mary Daly, afirmou hoje que o cenário incerto exige cautela ao calibrar juros, e revelou que seus contatos não perguntam sobre cortes, mas se as altas de juros terminaram. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou trabalhar com a perspectiva de que o primeiro corte ocorra no verão americano, entre junho e setembro, e que espera duas reduções, embora não descarte três. Porém, defendeu uma postura cautelosa na definição da política monetária, em meio ao “tremendo ímpeto” que a economia dos EUA ainda exibe. Ambos têm direito a voto nas reuniões do Fed em 2024.
Os juros dos Treasuries avançaram, com o retorno da T-Note de dez anos voltando a flertar com os 4,30%. “O PPI e o CPI jogam mais lenha na fogueira de que o Fed pode não conseguir reduzir a taxa em maio”, afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, acrescentando que os números fracos da indústria e do varejo ontem mantêm a reunião de junho no páreo. “No dilema entre a atividade fraca e a inflação alta, vamos ver como o Fed vai equilibrar os pratos”, completa.
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O efeito do exterior sobre as taxas locais acabou sendo amenizado pela deflação de 0,65% do IGP-10, abaixo do piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de -0,60%. A queda foi puxada pelo tombo de 2,36% no IPA Agropecuário. “O quadro traz alívio para o risco de alta em preços de alimentação nos IPCs nos próximos meses”, explica Borsoi. Esse impacto tende a chegar aos preços ao consumidor em dois ou três meses, contrabalançando a pressão que serviços poderá continuar exercendo sobre o IPCA.