Os juros futuros oscilaram entre margens estreitas nesta sexta-feira (23) de agenda doméstica esvaziada e noticiário sem destaques. No exterior, houve alívio na curva dos Treasuries e queda do petróleo e grãos, mas insuficiente para animar o mercado local. O câmbio pressionado, com o dólar perto de R$ 5, chegou a trazer alguma influência na primeira parte da sessão.
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No fechamento, as taxas tinham viés de alta. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,020%, de 10,003% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 passou de 9,83% para 9,86%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 10,04% (de 10,00% ontem) e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 10,47%, de 10,43%.
As taxas alternaram viés de alta e de baixa ao longo da sessão sem firmar tendência, na ausência de gatilhos capazes de definir alguma trajetória. Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez, lembra que a baixa volatilidade tem sido uma tônica do mercado de juros ao longo da semana e vê o bom desempenho de Wall Street hoje muito mais como um rescaldo da reação positiva ao forte balanço da Nvidia do que otimismo com a política monetária do Federal Reserve. “As apostas de cortes de juros têm sido postergadas e o mercado também têm trabalhado com a ideia de um orçamento menor. Isso fez com que a curva americana abrisse nos últimos dias e hoje o que temos é uma correção”, disse Leal, para quem a taxa da T-Note na faixa de 4,30% é aceitável para o mercado aqui.
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Nesse contexto, não há estímulo para a montagem de novas posições em DI. A ponta curta tem tido variações ainda mais comedidas, com as apostas para Selic bem ajustadas para mais dois cortes de 0,5 ponto porcentual. A expectativa para a taxa terminal, em boa medida, está atrelada às ações do Fed, ainda que o Banco Central negue qualquer relação mecânica entre os dois ciclos, como enfatizou hoje o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, durante palestra em evento da Abrasca.
Ele reiterou o compromisso em levar a inflação para o centro da meta, de 3%, destacando que as expectativas para o IPCA do relatório Focus continuam desancoradas, em torno de 0,5 ponto porcentual acima do alvo. Os longos estão mais sujeitos aos ventos externos e ao cenário fiscal, cuja percepção dos agentes têm melhorado recentemente. “Destacamos os resultados fortes de arrecadação de janeiro e as decisões recentes da justiça em favor do Governo Federal no Carf. Essas receitas extras são essenciais para o resultado deste ano e podem trazer um viés de melhora para o nosso número”, afirmam os economistas do Bradesco, em relatório. O banco prevê déficit primário de 0,7% para este ano.