(Denise Abarca, Estadão Conteúdo) — A volta do feriado de 7 de Setembro foi de baixa para os juros futuros. O principal vetor foi a percepção de desaceleração da inflação global ante a postura firme dos bancos centrais na política monetária e o comportamento das commodities – o petróleo hoje subiu em torno de 1%, mas ontem havia caído mais de 5%.
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Embora os rendimentos dos Treasuries tenham mostrado alta moderada, no câmbio o dia foi de queda para o dólar em relação ao real, o que também dá mais conforto para o mercado reduzir prêmio, assim como o risco menor dos leilões de prefixados do Tesouro.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,02%, de 13,09% no ajuste de terça-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,93% para 11,76%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 11,41%, de 11,62%.
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Com as celebrações “cívicas” do 7 de Setembro sem maiores consequências, o mercado pode se ajustar ao dia ontem positivo no exterior, embora as taxas não tenham devolvido na íntegra a alta da terça-feira. A correção de rota nas estimativas para a Selic encampada pelos dirigentes do Banco Central no começo da semana manteve alguma rigidez nos contratos de curto prazo, com os demais vencimentos repercutindo a ideia de que a ação coordenada dos bancos centrais deve produzir efeito na inflação, embora também enfraqueça a atividade. Justamente pelo temor de recessão é que ontem os preços do petróleo cederam mais de 5%, fechando no menor nível do ano. Hoje, o tipo Brent subiu 1,31%, mas ainda fechou abaixo de US$ 90, a US$ 89,15 o barril.
O economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, argumenta, para explicar o movimento da curva nesta semana, que a inflação no mundo dá sinais de que já está cedendo e, ao mesmo tempo, BCs de países desenvolvidos indicam que serão agressivos. “Um deles será o Fed e os outros não têm outra opção se não a de acompanhar”, disse.
Internamente, o cenário prospectivo para a inflação torna-se mais positivo em função do petróleo, com o mercado estimando a defasagem da gasolina ante preços internacionais em 10% e apostas em mais três anúncios de corte até a eleição. O BC informou hoje que o Índice de Commodities do Banco Central (IC-Br) caiu pelo terceiro mês consecutivo em agosto, em 0,72% ante julho.
Olivares vê a queda da inflação indo muito além das medidas de desoneração, com queda das commodities e bens industriais ajudando. “Estão acontecendo mais coisas na inflação do que só impactos pontuais”, disse. Hoje, a FGV informou que o IGP-DI de agosto caiu 0,55%, pouco mais do que apontava o consenso de -0,53%, com destaque para o tombo de 1,14% do IPA Industrial.
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O Tesouro também ajudou a tirar pressão da curva, ao anunciar oferta de 7,5 milhões de LTN e de 650 mil NTN-F, menor do que a da semana passada. O lote de LTN foi vendido integralmente. Nas NTN-F, foram vendidas 609.100. O DV01 (risco para o mercado) foi de US$ 302 mil, de US$ 572 mil no leilão anterior, segundo a Necton Investimentos.