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Juros: Taxas recuam com redução do preço da gasolina e queda do petróleo

A taxa do contrato de DI para janeiro de 2024 fechou em 12,875%

Juros: Taxas recuam com redução do preço da gasolina e queda do petróleo
Juros oferecidos pelos títulos públicos do Tesouro Direto subiram. Foto: Envato Elements

(Denise Abarca, Estadão Conteúdo) — Os juros futuros fecharam em queda firme nesta quinta-feira, apesar da alta do dólar e dos retornos nos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano. O anúncio de redução nos preços da gasolina pela Petrobras e a nova queda do petróleo derrubaram as taxas, dado o alívio importante que devem trazer tanto para a inflação corrente como para as expectativas futuras. A medida da Petrobras já trouxe impacto nas estimativas para a inflação de setembro, com várias instituições revisando para baixo também seus números de IPCA em 2022.

O recuo de mais de 3% do petróleo, com o barril do tipo Brent fechando a US$ 92 e estendendo as perdas de 8% vistas em agosto, reforçou a perspectiva de novos ajustes em baixa para os combustíveis internamente. O PIB brasileiro acima do consenso não produziu reação nas taxas, ainda que tenha desencadeado uma onda de revisões para cima nas projeções de crescimento este ano.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,875%, de 12,98% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,96% para 11,76%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,54% (mínima), de 11,75% ontem. A taxa que mais caiu (26 pontos-base) foi a do DI para janeiro de 2026, passando de 11,77% para 11,56% (mínima).

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Os juros passaram a sessão praticamente toda em baixa, com exceção da abertura em alta. Pouco depois das 10h, a Petrobras divulgou redução no preço da gasolina, de R$ 0,25 por litro, a partir de amanhã. A medida já era esperada, uma vez que os preços internos estavam acima da paridade e que ontem o presidente Jair Bolsonaro havia dito que até o fim da semana deveria haver uma “boa notícia” da companhia sobre preços de combustíveis.

A medida, porém, não foi suficiente para mexer com as apostas para a Selic de curto prazo, com a curva mantendo entre 65% e 70% a probabilidade de manutenção da taxa básica em 13,75% no Copom deste mês, contra de 30% a 35% de chance de aumento de 25 pontos-base, nos cálculos da Greenbay Investimentos. Também não alterou a expectativa que o ciclo de queda comece em maio. “Mas aumentou um pouco a precificação para o tamanho dos cortes”, afirmou o economista-chefe da instituição, Flávio Serrano, destacando que por isso o alívio de prêmios foi concentrado no miolo da curva. Segundo ele, a curva passou a precificar um orçamento total de queda de 300 pontos-base para a Selic.

Apesar do otimismo nas mesas, entre os economistas, a expectativa de recuo da taxa no primeiro semestre parece prematura. “A composição da inflação não está boa. Os combustíveis estão puxando para baixo, mas os preços de alimentos estão rodando em níveis elevados e a inflação de serviços é preocupante. Não dá para falar em corte de juro tão cedo”, afirma Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, para quem a Selic só começará a cair no segundo semestre de 2023.

Em boa medida, o rali no mercado de juros visto desde ontem tem tido sustentação no comportamento do petróleo, que hoje caiu mais de 3%, abrindo espaço a mais reduções nos combustíveis. Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destaca que o Brent na casa de US$ 92 por barril dá oportunidade para a Petrobrás reduzir agora os preços do diesel, que, embora não tenham impacto direto no IPCA como a gasolina, tem efeitos indiretos na cadeia logística e inflação no atacado. “O petróleo abre oportunidade para a Petrobrás fazer ajuste no diesel, que teve só duas reduções. A gasolina já teve quatro”, comentou, destacando que esse descompasso se deve à pressão do mercado internacional e a escassez da oferta do óleo.

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Quanto ao PIB, que subiu 1,2% no segundo trimestre na margem, acima do consenso das estimativas de 0,9%, o mercado deixou em segundo plano, na medida em que a expectativa é de perda do ritmo a partir do segundo semestre, a despeito das medidas de estímulo fiscal adotadas pelo governo. “É consenso que haverá desaceleração forte em 2023”, afirma Abdelmalack.

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