Os retornos dos Treasuries avançaram hoje, após o relatório mensal de empregos (payroll) de janeiro superar a previsão, o que impulsionou ajustes nas apostas para a trajetória da política monetária dos Estados Unidos neste ano. Após o dado, vários analistas comentavam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) não precisa ter pressa para começar a cortar juros, diante da atividade ainda forte.
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No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,370%, o da T-note de 10 anos avançava a 4,028% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 4,217%.
Os juros já subiam logo cedo, revertendo o movimento visto ontem. Após o payroll, os retornos renovaram máximas no dia, com o da T-note de 10 anos retomando o nível de 4%.
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A economia dos EUA criou 353 mil empregos em janeiro, bem acima do esperado por analistas, enquanto a taxa de desemprego seguiu em 3,7%, com crescimento acima do previsto no salário. O monitoramento do CME Group mostrou ajustes na expectativa para a trajetória dos juros neste ano, com o Fed provavelmente cortando mais tarde do que vários antes esperavam e também com menos ímpeto. Entre analistas, o ING, por exemplo, afirmou que o payroll retirava pressa do Fed e um corte nos juros deveria vir apenas em maio.
Houve ainda, na agenda de hoje, mais um dado positivo da economia americana. O índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan subiu de 69,7 em dezembro a 79,0 em janeiro, na máxima desde julho de 2021, quando analistas ouvidos pela FactSet projetavam 78,8. As expectativas para a inflação em 12 meses desaceleraram, de 3,1% em dezembro a 2,9% em janeiro, e para o intervalo de cinco anos se mantiveram em 2,9%. O dado de Michigan contribuiu para apoiar visões de que a economia dos EUA segue forte.
Na avaliação da Capital Economics, porém, o avanço dos juros dos Treasuries visto hoje não deve se sustentar. Em comentário a clientes, a consultoria diz ainda acreditar que a perda de fôlego da inflação fará o Fed relaxar sua política, com reflexo no mercado de dívida americana. Ela projeta que o juro da T-note de 10 anos recue para cerca de 3,75% ao fim deste ano.