Os ativos isentos disponíveis no mercado secundário de crédito privado devem caminhar para uma redução dos prêmios (spreads, diferença entre o preço de compra e o preço de venda) nos próximos meses, na avaliação de Aymar Almeida, sócio da Kinea Investimentos. Isso porque há uma soma de fatores causando um desequilíbrio entre oferta e demanda desses papéis, sendo o mais recente o ajuste do Conselho Monetário Nacional (CMN) para títulos isentos.
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O primeiro fator foi o anúncio de tributação de fundos exclusivos no ano passado. Durante painel no evento BTG CEO Conference, nesta tarde, Almeida disse que, com a perda do benefício fiscal, parte desses fundos deixam de fazer sentido para o investidor, que pode buscar alternativas como fundos de infraestrutura ou diretamente nas próprias debêntures incentivadas.
A criação da debênture de infraestrutura foi o segundo fator de desequilíbrio. O novo ativo, que oferece isenção fiscal para o emissor e não para o investidor, deve trazer os grandes bolsos de investidores institucionais – como fundos de pensão – para o financiamento da infraestrutura do País. “As companhias terão mais um veículo para estudar. Elas poderão emitir uma debênture comum, uma debênture incentivada ou uma nova debênture [de infraestrutura]. Se há mais uma opção, potencialmente isso reduz a oferta de 12.431”, diz o sócio da Kinea, referindo-se ao número da lei que instituiu as debêntures incentivadas.
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E o terceiro fator de desequilíbrio é a limitação de emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Imobiliário (CRIs), diante dos ajustes de lastros elegíveis do CMN, anunciados na semana passada. “O limite do volume de emissões de CRIs e CRAs possivelmente direciona os investidores que buscam ativos isentos para as debêntures 12.431”, afirma Almeida.
Eduardo Arraes, sócio da BTG Pactual Asset Management, destacou que já houve impacto nas debêntures incentivadas desde sexta-feira (2), com as mudanças do CMN. “Vimos operações ‘fechando’ 40, até 60 pontos-base ao ano, um tipo de movimento que costuma demorar meses para acontecer”, observa Arraes.
“Com três vetores numa direção só, nos próximos meses, os prêmios tendem a cair. Há um equilíbrio para ser formado e, se isso vier de forma gradual, os spreads vão fechar de forma equilibrada. Mas há uma chance, e que acho mais provável, disso não ser equilibrado”, diz Almeida, da Kinea. “A tendência neste semestre é de prêmios de ativos isentos menores.”