A Kinea Investimentos afirma que o home bias (viés doméstico) ainda pesa sobre o investidor brasileiro, mas observa uma tendência de mudança no apetite internacional e afirma estar se preparando para isso. A avaliação consta na primeira carta de gestão publicada pelo time de renda variável, documento que passará a ser trimestral e foi antecipado ao Broadcast Investimentos.
Leia também
O viés doméstico é um “viés comportamental que se refere à tendência dos investidores preferirem ativos financeiros de seu próprio país, em vez de diversificar internacionalmente”, define a Kinea. “Esse viés pode ser influenciado por um senso de familiaridade, confiança excessiva nas perspectivas econômicas domésticas ou uma aversão ao risco percebido dos mercados estrangeiros.”
Com informações do Journal of International Money and Finance, a gestora destaca que há uma estimativa de que a alocação em ações do investidor brasileiro no exterior seja de menos de 10%. Já investidores de países desenvolvidos têm como hábito uma maior alocação internacional, com a lista de maior exposição liderada por Noruega, Países Baixos e Reino Unido.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“O ‘home bias’ foi uma questão levantada dentro da Kinea há alguns anos. Decidimos investir em pessoas, processos e acessos que nos permitissem superar deficiências e corrigir esse viés, especialmente dentro da vertical de Fundos Líquidos”, afirma a gestora. A Kinea acrescenta ter começado essa mudança gradualmente, primeiro pelos fundos multimercados, até se expandir para os demais produtos, como os fundos de ações. Com essa aposta, ela diz ter conseguido diversificação geográfica, almejando “melhor relação entre retorno e risco”.
A exposição a oportunidades de crescimento, “por conta de diferentes temas que não são possíveis de serem investidos em um único mercado somente”, é uma das vantagens que mais chama atenção, segundo a gestora. “A busca pela diversificação é, principalmente, uma busca por temas de investimento que não temos como nos posicionar somente por meio das pouco mais de 100 empresas com razoável liquidez na Bolsa brasileira”, descreve a Kinea, citando setores como energia elétrica, aeroespacial, inteligência artificial (IA) e “a novíssima indústria do emagrecimento”.
“Com a queda do ‘viés doméstico’ no mundo todo, investidores estão procurando cada vez mais os temas do momento, onde quer que estejam. Não à toa, os investidores brasileiros, sejam eles institucionais ou individuais, estão correndo atrás de BDRs (recibos de ações negociadas lá fora) – ou seja, buscando uma forma de também conseguir surfar os temas globais”, afirma a gestora. Ela reforça estar de olho no interesse, por meio de seus fundos de ações, que têm 20% de exposição em ações internacionais como limite.