As novas regras para o rotativo do cartão de crédito, que entram em vigor nesta quarta-feira (3), serão negativas para a rentabilidade futura dos bancos, apontou a Moody’s em comentário divulgado ao mercado na noite de terça-feira (2).
Leia também
A agência acrescenta que as instituições financeiras mais afetadas serão Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander (SANB11) e Caixa Econômica Federal, que concentram juntas 63% da participação de mercado dos cartões de crédito.
Aprovada no final de dezembro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a resolução que cria um teto para os juros do rotativo veio para regulamentar um trecho inserido na lei do Desenrola. Com a mudança, os juros para quem atrasar ou parcelar o pagamento da fatura não vão poder ultrapassar o valor da dívida original. Ou seja, para quem deve R$ 1 mil no cartão, os juros só poderão chegar a mais R$ 1 mil, totalizando uma dívida final máxima de R$ 2 mil.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Para os analistas da Moody’s, a limitação da dívida do cartão de crédito restringirá o crescimento dos bancos ou reduzirá as receitas provenientes dos juros do rotativo. “Os volumes de transações serão afetados negativamente pelo reduzido apetite por risco dos bancos para emitir cartões para novos clientes, especialmente clientes de baixa renda, que representam um elevado nível de risco de crédito e são mais propensos a financiar os seus saldos”, ressalta o relatório.
Além dos bancos tradicionais, a Moody’s acredita que a medida pode ter efeitos também em instituições com modelos de negócio voltados para a oferta de financiamentos e cartões de crédito, como Nubank, C6, Banco Pan e Banco Inter.
A Moody’s aponta que as altas taxas de juros no Brasil para o rotativo do cartão de crédito refletem o alto nível de risco de crédito, assim como algumas idiossincrasias do mercado local. Entre elas, a possibilidade de parcelamento em praticamente todos os tipos de compras, o que não ocorre em outros países.
Para os analistas, boa parte da população, em especial de baixa renda, não possui um planejamento financeiro ou recursos para pagar pelos valores futuros das faturas do cartão, o que acaba gerando a dívida.
Publicidade