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Lira diz que autonomia do Banco Central é ‘marca mundial

"Esse assunto não retroagirá", afirmou o presidente da Câmara

Lira diz que autonomia do Banco Central é ‘marca mundial
Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, durante sessão do Congresso Nacional em Brasília 02/02/2022 REUTERS/Adriano Machado

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira, 9, que a autonomia do Banco Central, aprovada em 2021 pelo Congresso, “não retroagirá”. A declaração, feita durante o evento Show Rural, em Cascavel (PR), ocorreu em meio a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de governistas no Legislativo à atuação da autoridade monetária e de seu presidente, Roberto Campos Neto.

“Eu tenho a escuta, a tendência do que a maioria do plenário pensa. Com relação à independência do Banco Central, esse assunto não retroagirá”, disse Lira, em coletiva de imprensa na quinta-feira (09), por volta das 12h. “O Banco Central independente é uma marca mundial, o Brasil precisa se inserir neste contexto”, emendou o deputado, ao afirmar que a autonomia foi o modelo escolhido pelo Congresso para o BC.

Ontem, líderes petistas na Câmara decidiram apoiar um convite para que Campos Neto vá ao Congresso explicar a política de juros da instituição. Horas antes, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, havia afirmado que não há nenhuma ação no governo para reverter a autonomia do BC.

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Após uma reunião da base aliada ontem, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), disse que assinou um requerimento de urgência apresentado pelo PSOL para que Campos Neto seja convidado a dar explicações na Câmara sobre a taxa básica de juros, a Selic, mantida em 13,75% na semana passada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) afirmou que também vai assinar o documento.

De acordo com Dirceu, também foi discutida na reunião de ontem da base governista a possibilidade de se formar uma comissão de deputados que iriam ao BC levar questionamentos a Campos Neto. O líder do PT na Câmara disse que não houve consenso em torno dessa proposta, mas que ela não foi descartada por completo.

Antes de entrar na reunião, Boulos afirmou que também não há consenso na base do governo para apoiar o projeto de lei que revoga a autonomia do BC. O PL foi anunciado ontem pelo PSOL, após Lula intensificar as críticas ao nível da Selic. Boulos chegou a chamar Campos Neto de “infiltrado” do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro da Economia Paulo Guedes. Para o deputado, o presidente do BC age para boicotar a retomada do crescimento econômico ao manter a Selic no nível atual.

Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou ontem que a autonomia do BC é um avanço que afasta critérios políticos de uma instituição que tem um aspecto técnico muito forte. O senador também disse que Campos Neto é um “homem bem preparado”.