Bancos cortaram projeções para dividendos do Banco do Brasil (BBAS3). Foto: Adobe Stock
Diferentes casas do mercado têm cortado as projeções para os dividendos do Banco do Brasil (BBAS3). O último foi o Goldman Sachs, que, em relatório divulgado nesta segunda-feira (23), revisou várias de suas estimativas para a empresa. O “bancão” espera que o BB apresente um payout (porcentagem do lucro distribuída na forma de proventos) de 30%, abaixo da orientação da administração, que é de 40% a 45%.
A mudança considera a menor lucratividade da companhia e um índice de capital principal (CET1) tido como adequado, porém modesto, de 11,0%, o que pode levar a gestão e o conselho a priorizar a preservação de capital, em vez da distribuição de dividendos, para apoiar o crescimento futuro. O Goldman estima um lucro líquido de R$ 25,6 bilhões para o BB em 2025, o que representa uma queda de 31% em relação ao piso da faixa de guidance (projeção) anterior da empresa, que era de R$ 37 a R$ 41 bilhões e que está atualmente em revisão.
O preço-alvo para a ação BBAS3 caiu de R$ 25 para R$ 23, o que ainda representa um potencial de alta de 8% em relação aos níveis atuais, além de um rendimento adicional de dividendos de 6%. O Goldman Sachs destaca que o papel do BB está sendo negociado a 4,8 vezes o lucro projetado para 2025 e a 0,6 vez o valor patrimonial projetado, com um desconto ainda maior em relação aos bancos do setor privado, quando comparado às médias históricas.
Outra casa que cortou a projeção de payout para o Banco do Brasil foi o JPMorgan. Assim como o Goldman, o banco espera que o BB distribua 30% do lucro em dividendos. A avaliação é de que o segundo trimestre será crucial para a empresa apresentar uma nova orientação para 2025 e para o mercado ter uma visão mais clara sobre a real dimensão da inadimplência no agronegócio – um dos fatores que mais pesou no último balanço da companhia.
O JPMorgan afirma seguir cauteloso com o BB, já que problemas de qualidade de ativos em bancos costumam levar tempo para serem absorvidos. “Apesar de reconhecermos que a volatilidade pré-eleição presidencial de 2026 pode ser um catalisador e que o nível de posições vendidas já está elevado, preferimos adotar uma postura de espera, buscando maior visibilidade após o segundo trimestre, que pode dar o tom de uma possível recuperação”, diz.
Quem também ficou mais pessimista com os dividendos do Banco do Brasil foi o Itaú BBA, que passou a trabalhar com um payout de 30%. A casa espera que os próximos trimestres sejam ainda mais desafiadores que o primeiro para a empresa estatal devido aos ciclos naturais de pagamento e atraso do crédito, não projetando melhorias significativas em 2025. Os principais problemas, na visão do banco, são as condições mais desafiadoras para a carteira de agronegócio do BB.
Na leva de “bancões” que mexeu nas estimativas para o BB, esteve ainda o Santander, que rebaixou a recomendação de compra para “manutenção” (equivalente a neutro), com um preço-alvo de R$ 26 para 2025, contra R$ 45 anteriormente. Os analistas do banco dizem ter dúvidas sobre o payout de 40% pelo banco. “Não estamos recomendando o Banco do Brasil para estratégias de dividendos”, apontam.