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O mercado financeiro no governo Lula em 4 gráficos; veja a comparação com outras gestões

Indicadores mostram resultados mistos, com forte valorização do IPCA e alta contida do Ibovespa

O mercado financeiro no governo Lula em 4 gráficos; veja a comparação com outras gestões
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva fala durante entrevista coletiva. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O segundo ano do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva chega ao fim sob um clima de desconfiança do mercado com a condução das contas públicas. O pacote fiscal, apresentado pelo governo em novembro depois de vários adiamentos, não agradou os investidores, que consideraram as medidas pouco eficientes.

Ao passarem pelo Congresso Nacional em dezembro, as propostas sofreram diferentes desidratações – veja aqui os pontos que foram afrouxados em relação ao texto original. Após as alterações, o Ministério da Fazenda revisou para R$ 69,8 bilhões a previsão de economia em dois anos com o pacote de corte de gastos. Inicialmente, a pasta esperava R$ 71,9 bilhões de economia com as medidas até 2026.

O impacto do aumento das desconfianças dos investidores se refletiu no câmbio: o dólar ultrapassou a marca de R$ 6 no final de 2024 e passou a acumular alta de 27,9% no ano. Em resposta a esse movimento, o Banco Central passou a realizar diferentes leilões para tentar conter a valorização da moeda americana.

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Diante de um cenário de cautela, um levantamento realizado por Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, analisou o comportamento de quatro indicadores-chave da economia brasileira nos dois primeiros anos de governo dos últimos nove mandatos presidenciais desde o primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso até o terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

“No caso do governo Lula 3, os indicadores mostram resultados mistos: enquanto a valorização do CDI aponta para retornos robustos na renda fixa, a performance mais tímida do Ibovespa e a alta do dólar refletem desafios econômicos em um cenário de incertezas”, destaca Rivero.

Ibovespa: desaceleração após o boom das commodities

O Ibovespa, principal índice da B3, apresentou uma valorização de 11,35% nos dois primeiros anos do atual mandato de Lula. Os dados foram coletados até o pregão de 26 de dezembro de 2024. Embora positivo, o resultado é o terceiro pior entre os nove governos analisados, superando apenas os desempenhos registrados nos governos Lula 2, com queda de 15,57%, e Dilma 1, com recuo de 12,05%.

No outro extremo, o primeiro mandato de Lula destacou-se como o grande campeão de ganhos, com uma impressionante alta de 132,48% no Ibovespa, impulsionado pelo boom das commodities e pela confiança do mercado em sua gestão.

Dólar: alta moderada no terceiro mandato de Lula

A taxa Ptax, usada como referência para o câmbio oficial, subiu 18,86% nos dois primeiros anos de Lula 3, registrando a terceira menor variação desde o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso. O governo Lula 1 marcou o melhor desempenho, com queda de 24,87% do dólar – movimento beneficiado pela entrada de capital estrangeiro e pela forte valorização das commodities.

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Em contrapartida, o segundo mandato de Dilma enfrentou um período de intensa pressão cambial, com uma valorização do dólar Ptax de 22,70% nos dois primeiros anos, refletindo a deterioração das contas públicas e a desconfiança dos investidores.

CDI: retorno competitivo para renda fixa

Os investidores de renda fixa voltaram a ver retornos mais expressivos no terceiro mandato de Lula. O CDI acumulou uma valorização de 25,42% até dezembro de 2024, superando os níveis registrados nos dois governos anteriores – nos dois primeiros anos do mandato de Jair Bolsonaro, a alta foi de 8,88%, e no governo de Michel Temer, o avanço foi de 19,70%.

“Esse retorno reflete a elevação da taxa Selic para conter pressões inflacionárias, característica de um cenário desafiador para a política monetária. A última vez que o CDI alcançou patamares semelhantes foi durante o segundo mandato de Dilma, quando acumulou 29,09% nos dois primeiros anos”, destaca Rivero.

IPCA: inflação com tendência de alta

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou em 9,11% nos dois primeiros anos do governo Lula 3, considerando os dados até novembro de 2024. O resultado interrompeu a sequência de níveis mais baixos registrados durante os governos Temer e Bolsonaro, de 6,75% e 9,02%, respectivamente.

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Apesar disso, o IPCA do atual governo está muito abaixo dos picos inflacionários dos mandatos anteriores, como os 17,63% registrados no governo Dilma 2. “Esse controle relativo da inflação reflete a atuação do Banco Central e a desaceleração da economia global, mas o desafio de conter pressões inflacionárias persistentes continua relevante”, pontua Rivero.