

O aumento das expectativas de uma recessão mundial já impactando os preços do minério de ferro. A commodity voltou a ser negociada abaixo de US$ 100 na Bolsa de Dalian, na China, o que não era visto desde janeiro.
“Há uma relação muito forte entre crescimento econômico e commodities no geral, principalmente aquelas mais ligadas parte da economia que mais depende de investimentos de longo prazo, como o de construção residencial, infraestrutura fica um pouco mais comprometida”, disse Daniel Sasson, do Itaú BBA.
Na última segunda-feira (7), o contrato mais negociado do minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para setembro de 2025, fechou em queda de 3,29%, cotado a 720 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 98,86. O segundo contrato mais negociado, para maio de 2025, terminou o pregão em queda de 3,3%, a 762,5 yuans, o equivalente a US$ 104,7 por tonelada.
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Já na Bolsa de Cingapura o contrato futuro de minério de ferro, para entrega em maio de 2025, fechou com queda de 2,45%, o que corresponde a US$ 98,15.
A estimativa de preços do Itaú BBA para o preço do minério de ferro para este ano é de US$ 100 por tonelada, sendo que a média é de US$ 104. Sasson ressaltou que a expectativa ainda não foi revisada, mas que o balanço de riscos atualmente está pior do que no início de março, quando a Casa atualizou o preço da commodity.
Segundo ele, a curva futura de minério de ferro uma curva em declínio em backwardation, que é quando o preço futuro abaixo do preço spot. Em Qingdao, o contrato do minério de ferro negociado à vista caiu 2%, a US$ 102,47 a tonelada.
“De forma geral, eu acho que ainda tem muito pouca visibilidade sobre os impactos, ou dos efeitos colaterais das tarifas anunciadas pelo (Donald) Trump.”
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Hoje, o BTG Patual revisou as estimativas de preços para o minério. Segundo o banco, a commodity deve ser negociada ao US$ 95 a tonelada este ano e US$ 85 em 2026.
“Os dias dos preços do minério de ferro a US$ 100 a tonelada estão contados”, afirmou o banco. “Continuamos cautelosos com os fundamentos do minério de ferro. Vemos o consumo aparente de aço na China se contraindo na faixa de 2% a 4%, com as exportações servindo como uma válvula de escape – embora a sustentabilidade disso permaneça questionável.”
Em relatório, os analistas Leonardo Correa e Marcelo Arazi destacam que o minério de ferro é a commodity mais exposta à China, o que representa cerca de 70% da demanda global marítima.
“Além de um ambiente de comércio global mais desafiador, o mercado imobiliário da China continua a lutar, o que deve ajudar a mover o minério de ferro para um excesso de oferta mais significativo ao final de 2025. Como resultado, esperamos que os preços corrijam ainda mais para os baixos US$ 90 no segundo semestre”, afirmam.
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Igor Guedes, da Genial Investimentos, disse que a Casa fez pequenos ajustes no preço ao longo do ano. Segundo Guedes, o cenário de preço não esta tão ruim, mas pode piorar no segundo semestre. “Subimos levemente a estimativa para o terceiro trimestre para US$ 99 a tonelada, mas rebaixamos para trimestre seguinte para US$ 92”, disse Guedes. Para o ano, a corretora espera que a commodity seja negociada em US$ 99.
Em relatório, Guedes ressaltou que a economia chinesa mostrou sinais claros de estabilização no curto prazo, com os índices de atividade (PMIs), superando as expectativas e apontando para expansão tanto no setor de manufatura quanto no de serviços. O PMI oficial de manufatura subiu para 50,5 pontos, atingindo o nível mais alto em 12 meses, enquanto o PMI não manufatureiro avançou para 50,8PT.
“Apesar do viés positivo, nosso entendimento é que o alívio deve ser percebido como transitório, dado o ambiente geopolítico incerto e os desafios estruturais persistentes.”