A agência de avaliação de risco de crédito Moody’s mudou a perspectiva para o rating (avaliação que mostra o risco de crédito de uma empresa) do Brasil de positiva para estável, argumentando que a alteração reflete uma redução dos riscos de crédito positivos diante de uma deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida.
Os ratings de emissor de longo prazo em moeda local e estrangeira e os ratings de títulos seniores sem garantia foram mantidos em Ba1.
Para a Moody´s, a mudança da perspectiva reverbera ainda um progresso mais lento do que o esperado no enfrentamento da rigidez dos gastos e na construção de credibilidade em torno da política fiscal, apesar da adesão às metas de para o resultado primário.
“A capacidade do governo de reduzir substancialmente as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o peso da dívida no curto prazo continua limitada pela rigidez dos gastos e pelo aumento dos custos dos empréstimos”, pontuou a Moody´s em relatório divulgado nesta sexta-feira (30). “Esses desafios compensam o potencial de crescimento do PIB e dos investimentos e as reformas econômicas contínuas que apoiam amplamente a qualidade de crédito do Brasil”.
A afirmação do rating Ba1 do Brasil reflete o crescimento sólido e sustentado da grande e diversificada economia do país, um histórico comprovado de implementação de reformas ao longo de sucessivos governos e uma vulnerabilidade limitada a choques externos, dada a sua sólida posição externa.
Essas solidez de crédito são contrabalançadas por uma dívida elevada e crescente, pagamentos de juros elevados e uma estrutura de gastos rígida que limita a capacidade do governo de responder a choques, observou a Moody´s.
A decisão da Moody’s parece mais equilibrada agora, na avaliação do economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi. “Situação fiscal está difícil; governo tem tido dificuldade de avançar pautas no Congresso, tendo de adotar medidas fora do Orçamento para fechar a conta; conta de juros está elevada; e o presidente Lula vem prometendo novos estímulos. Cenário parece estar mais na direção de aceleração da alta da dívida, do que de estabilização”, comentou Borsoi, ao Broadcast.
Segundo o economista, haverá um ajuste negativo nos ativos locais no pregão de segunda-feira, mas a piora não será muito acentuada. No pregão desta sexta-feira, “parece até que o mercado tinha antecipado a mudança na perspectiva de rating: PIB veio forte, mas mesmo assim o dólar subiu e a Bolsa caiu. Não pareceu casar muito”, pondera.