A Natura vende ativos da Avon International, mantendo a marca na América Latina. Citi projeta reação positiva do mercado e aponta potencial de alta de 27% para a ação. (Imagem: Adobe Stock)
O anúncio, na manhã desta quinta-feira(18), da venda pela Natura de sua subsidiária Natura&Co UK Holdings, que detém todos os ativos da Avon International, foi uma surpresa positiva para o Citi, ao lado de outro negócio fechado esta semana, a venda da Avon CARD.
“Embora a Natura ainda precise encontrar uma alternativa estratégica para a (Avon) Rússia, fomos positivamente surpreendidos pela venda de múltiplos ativos de uma só vez e pelo fato de a empresa preservar a propriedade da marca Avon América Latina (sem pagamento de royalties)”, escreveu o analista João Pedro Soares.
Ele faz a ressalva de que a Natura “capitalizará” os empréstimos pendentes da Avon, o que significa converter a dívida que a Avon tem com a Natura em capital próprio, provavelmente baixando esse valor no balanço patrimonial, que sofrerá um impacto contábil.
Com exceção desse fator, o Citi diz não ver nenhum impacto financeiro. A dívida líquida da Natura deve permanecer próxima a R$ 4 bilhões, ou aproximadamente duas vezes a relação entre dívida líquida e Ebitda.
O banco mantém, por enquanto, a posição Neutra – alto risco – em relação à ação, mas espera uma reação positiva significativa do mercado, uma vez que a venda da Avon reduz o risco do caso, considerando que a queima de caixa no ano fiscal foi de aproximadamente US$ 120 milhões.
O Citi diz ainda estar cauteloso quanto às perspectivas para a América Latina, especialmente para o Brasil. No segundo trimestre, a empresa indicou uma “desaceleração notável” no mercado de beleza brasileiro em junho, o que deve continuar ao longo do segundo semestre de 2025.
Adicionalmente, a base de comparação da marca Natura está cada vez mais rigorosa, especialmente para o quarto trimestre. “Dada a maior concentração de esforços/alogação de investimentos na marca Natura, também esperamos fraqueza contínua na Avon”, alerta o analista. A principal vantagem, na sua opinião, seria a expansão da margem por meio de economias e sinergias, especialmente após a Natura concluir a onda final no México e na Argentina.
Soares acrescenta que, apesar de a Natura estar entre as opções mais baratas do setor de consumo/varejo, a transação já está sendo totalmente precificada com a alta que a ação registra neste momento. “Para vermos mais alta, precisaríamos ver números melhores na América Latina, seja maior crescimento ou expansão de margem.” O preço-alvo do Citi para a Natura é de R$ 11,30, o que significa um potencial de alta de 27,4% em relação ao fechamento de ontem.