Fernando Haddad, ministro da Fazenda. Foto: Wilton Junior/ Estadão
Na noite de quarta-feira (27), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou em rede nacional de televisão o aguardado pacote fiscal de cortes de gastos. Durante o pronunciamento, realizado às 20h30, foram apresentadas medidas como o estabelecimento de idade mínima para a aposentadoria militar, a limitação do montante global de emendas parlamentares e a adoção de regras fiscais para o reajuste do salário mínimo. O pacote também prevê restrições ao acesso ao abono salarial e ajustes nos salários de servidores públicos.
Segundo o governo, as iniciativas têm o potencial de gerar uma economia de R$ 70 bilhões aos cofres públicos em dois anos, em linha com as expectativas do mercado. Além disso, o anúncio confirmou informações divulgadas anteriormente sobre o projeto de isenção do imposto de renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. De acordo com Haddad, essa medida não terá impacto fiscal, pois será compensada por um aumento na tributação de pessoas com rendimentos acima de R$ 50 mil mensais. Apesar disso, analistas ainda questionam a viabilidade desse cálculo.
Na quarta-feira (27) os títulos públicos do Tesouro Direto alcançaram níveis recordes de rentabilidade, após uma pausa nas negociações. Quando os negócios foram retomados, por volta das 15h30, o Tesouro IPCA+ 2029 atingiu sua maior marca histórica, oferecendo um juro real anual de 7,05%. Esse percentual representa a maior taxa já registrada pelo ativo atrelado à inflação.
Como ficaram as taxas após o anúncio do pacote fiscal?
Entre os títulos prefixados, o Tesouro Prefixado 2027 apresentou uma leve alta na taxa, subindo de 13,61% para 13,72%. O Tesouro Prefixado 2031 também registrou aumento, passando de 13,40% para 13,51%, enquanto o Tesouro Prefixado com juros semestrais 2035 avançou de 13,14% para 13,26%. Esses movimentos refletem as preocupações do mercado em relação à política fiscal e às expectativas de inflação. Os dados são referentes à atualização das 9h30 no site do Tesouro Direto.
No segmento dos títulos pós-fixados, o Tesouro Selic 2027 apresentou um pequeno ajuste, subindo de Selic + 0,0373% para Selic + 0,0374%. Já o Tesouro Selic 2029 teve uma ligeira redução, passando de Selic + 0,1134% para Selic + 0,1132%. Essas variações demonstram maior cautela dos investidores em relação aos papéis indexados à taxa básica de juros.
Título de inflação com vencimento em 2029 paga 7,11%
Entre os títulos indexados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2029 registrou alta na rentabilidade, passando de IPCA + 7,05% para IPCA + 7,11%. O Tesouro IPCA+ 2035 também apresentou aumento, de IPCA + 6,83% para IPCA + 6,90%, enquanto o Tesouro IPCA+ 2045 avançou de IPCA + 6,64% para IPCA + 6,76%.
É importante destacar que as rentabilidades e os preços dos títulos IPCA+ e prefixados sofrem variações diárias. De modo geral, quando as taxas caem, os títulos se valorizam, enquanto taxas em alta provocam deságio. Para evitar essa volatilidade e garantir a rentabilidade contratada, o investidor precisa manter o capital aplicado até o vencimento. Já o Tesouro Selic é uma alternativa mais estável, ideal para quem prefere evitar os impactos das oscilações de mercado.
Veja os preços e taxas do Tesouro Direto após o pacote fiscal: