A uma semana da apresentação dos resultados do quarto trimestre, as ações da Petrobras voltam a ter atenção prioritária na Bolsa diante das declarações do presidente da companhia, Jean Paul Prates, em torno dos dividendos. Os papéis caem 4,05% (PETR3) e 4,08% (PETR4), aprofundando em R$ 23,7 bilhões as perdas da empresa em valor de mercado somente hoje (28). Trata-se do menor market cap desde 14 de fevereiro, mês em que a empresa já bateu seis recordes quase que simultâneos. A Petrobras divulga resultados no dia 7 de março, após o fechamento do mercado.
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A Petrobras deve ser cautelosa em relação à distribuição de dividendos bilionários à medida que busca se tornar uma potência em energia renovável, disse o presidente da estatal, Jean Paul Prates, em entrevista à Bloomberg.
“Essa fala pegou o mercado de surpresa. A empresa é uma baita geradora de caixa, e no plano estratégico a Petrobras não dizia nada sobre possível impacto de dividendos anteriormente”, afirma Rodrigo Moliterno, sócio fundador da Veedha Investimentos.
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Mesma percepção do analista independente, Hulisses Dias, para quem as declarações de Prates “desanimam” os investidores que esperavam dividendos extraordinários maiores por parte da empresa. “O eventual direcionamento do fluxo de caixa para investimentos em energia renovável faz com que a ação caia baseado nos retornos menores no curto prazo que esses projetos apresentam”, explica
Segundo ele, indicadores de volatilidade abaixo da média já indicavam uma possível queda para ações que só esperavam um motivo para realizarem lucros.
Em fevereiro, a estatal chegou a bater recorde de valor de mercado seis vezes, muito na esteira do consenso de que o plano de investimentos da Petrobras não foi tão agressivo como o mercado esperava, o que reanimou o investidor, tendo em vista a possibilidade de manutenção de boas cifras em dividendos distribuídos aos acionistas. Bancos como Goldman Sachs e BTG Pactual estimaram espaço para que a companhia continuasse pagando proventos extraordinários, o que repercutiu positivamente nas ações.
Em um evento da Petrobras no final de janeiro em Nova York, a administração da empresa havia reiterado sua política de dividendos aplicada trimestralmente e mencionou que o dividendo extraordinário deve ser pago apenas uma vez por ano.
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“Vemos espaço para um anúncio de até US$ 7 bilhões, mas reconhecemos que o valor a ser pago poderá ser menor dependendo de como a administração conservadora estará na gestão de caixa”, afirmaram os analistas do Goldman Sachs, na época. Já o BTG Pactual destacou, também naquela ocasião, que a estatal havia dito que prosseguirá a transição energética “sem abandonar o seu negócio principal (core business) nem a sua responsabilidade financeira”.
Agora com a fala de Prates, o ruído em cima dos dividendos da Petrobras volta à mesa, segundo o analista Rafael Passos, sócio da Ajax Asset. “Como Petrobras foi uma das principais distribuidoras de proventos na Bolsa recentemente, o mercado tem muita atenção a isso. E a maior parte das vendas do papel agora são de corretoras estrangeiras”, afirma. A ponta vendedora é de Goldman Sachs, UBS BB e Merrril Lynch para a ação ordinária (ON) e de UBS, Goldman Sachs e CM Capital Markets para a ação PN.
Para Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, Prates sinalizou que o valor dos dividendos pagos deve ser menor do que no ano passado, visto que o pronunciamento ocorreu próximo da divulgação do resultado do quarto trimestre de 2023.