

O tarifaço de Donald Trump abalou os mercados globais, derrubou o preço do petróleo e provocou fortes perdas nas ações da Petrobras (PETR3;PETR4). Entre a última quarta-feira (2), data do anúncio das novas tarifas, e esta terça-feira (8), a estatal viu seu valor de mercado encolher em R$ 75,4 bilhões, segundo dados de Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.
Antes avaliada em R$ 506,402 bilhões, a empresa agora tem seu valor de mercado estimado em R$ 430,971 bilhões. Desde o anúncio das medidas de Trump, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 15% e as preferenciais (PETR4), 14%.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para maio fechou esta terça-feira em queda de 1,85% a US$ 59,58. Já o Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), cedeu 2,16%, alcançando US$ 62,82. Desde a última quarta-feira, anuncio do tarifaço, os contratos recuaram 17% e 16%, respectivamente. A preocupação dos investidores é de que a guerra comercial provoque uma recessão global e enfraqueça a demanda pela commodity.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
A recente decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, conhecida como Opep+, de acelerar o aumento da produção a partir de maio também intensifica os temores em torno de um possível desequilíbrio entre oferta e demanda.
Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, explica que esse cenário impacta diretamente a performance da Petrobras. “Se o preço da commodity cai, espera-se que isso afete o seu faturamento. E é normal as ações da estatal terem uma correlação bem positiva com o petróleo – ou seja, se a cotação da commodity cede, os papéis da petroleira também recuam e vice-versa”, afirma.
Em relatório, os analistas do UBS BB afirmam que ainda não revisaram suas estimativas para Petrobras com o novo preço do petróleo, mas ressaltam que, se a commodity se mantiver estável em US$ 65 por barril, enxergam um fluxo de caixa livre anual (FCL) de 7% a 8%. Os detalhes podem ser conferidos nesta matéria.
“Isso deve limitar o potencial de dividendos da Petrobras para esse nível ou assumir que a empresa aumente a alavancagem para pagar cerca de 11% dos dividendos (onde vemos a política de 45% do FCF, conforme sua definição), sem os extraordinários”, dizem Matheus Enfeldt, Tasso Vasconcellos e Victor Modanese.
Publicidade
Já o Itaú BBA entende que a Petrobras é a opção mais segura para quem deseja manter exposição ao setor petroleiro, devido à sua combinação de forte proteção via dividendos e baixa alavancagem. Nos cálculos do banco, a companhia deve registrar um dividend yield (rendimento de dividendos) de aproximadamente 12% em 2025, caso o preço do petróleo caia para US$ 55 o barril, e de cerca de 14% se os preços ficarem em US$ 65.
As empresas brasileiras que mais perderam com tarifaço de Trump
Além da Petrobras, a Vale (VALE3) também tem sofrido no mercado desde o anúncio das tarifas de Trump. Entre a última quarta-feira e esta terça-feira, a mineradora já encolheu R$ 32,997 bilhões. Só no pregão de hoje, as ações da empresa recuaram 5,48%, em meio às incertezas com a economia chinesa, após o governo americano confirmar que irá aplicar taxas adicionais de 50% sobre a China, totalizando 104% em sobretaxas para o país asiático.
Em terceiro lugar da lista, os papéis da Ambev (ABEV3) perderam R$ 6,763 bilhões desde o tarifaço de Trump. Completam o ranking: Prio (PRIO3), Bradesco (BBDC3;BBDC4), Gerdau (GGBR4), Banco do Brasil (BBAS3), Weg (WEGE3), B3 (B3SA3) e Tim (TIMS3). Confira: