O presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, não vê motivos para as críticas feitas ao anúncio sobre estudos para a instalação de parques eólicos offshore pela estatal em parceria com a norueguesa Equinor no Brasil, anunciado pelos presidentes das duas petroleiras esta semana na CeraWeek, conferência internacional do setor que está sendo realizada em Houston.
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“Esse anúncio é o início de uma análise de sete áreas offshore. Ainda não tem a participação de cada uma das empresas e podem entrar outros sócios. Pode ser que alguns projetos não sejam viáveis”, disse Prates ao Broadcast.
O anúncio da entrada com força na energia eólica offshore agravou o mau humor do mercado em relação à Petrobras, já temeroso pelo fim da política de paridade dos preços dos combustíveis, previsto para maio. A companhia até distribuiu um vídeo aos investidores nesta quarta-feira, onde o executivo explica o planejamento para essa área.
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Segundo Prates, os investimentos na nova tecnologia serão feitos aos poucos, e nem todos os projetos que serão analisados em parceria com a norueguesa Equinor devem sair do papel. Sobre os combustíveis, Prates já deixou claro que acabar com a paridade não significa desatrelar os preços do mercado internacional.
Ele estima que se todos os projetos saírem do papel, os investimentos podem atingir entre US$ 56 bilhões e US$ 60 bilhões. Os empreendimentos que serão avaliados estão espalhados pelos estados do Rio Grande do Sul (Atobá e Ibituassu), Rio de Janeiro e Espírito Santo (Aracatu I e II), Colibri (entre Rio Grande do Norte e Ceará), Mangará (Piauí) e Ibitucatum (Ceará). No total, a capacidade instalada é estimada em 14,5 gigawatts.
“Mas esta não é uma soma exata, não é uma soma realista, porque se saírem dois projetos desses já será uma grande coisa”, avaliou Prates.
Ele lembra que os projetos devem levar pelo menos entre sete e oito anos para serem viabilizados, mas que é importante sinalizar que a Petrobras “entrou no jogo” das eólicas offshore, um movimento que vem sendo feito pelas principais petroleiras globais há alguns anos.
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A participação de empresas de petróleo na geração eólica offshore se deve à proximidade que essas companhias possuem com operações marítimas, e devem envolver a cadeia produtiva que atende o setor de petróleo e gás, gerando empregos no País. O movimento garante a essas companhias uma transição energética para energias renováveis nas próximas décadas, quando se prevê a queda da demanda por combustíveis fósseis como o petróleo e o gás natural.
A adesão da Petrobras à produção de energia renovável, mesmo que no médio e longo prazos, se junta à mudança de política de preços e sinaliza que a estatal terá menos caixa sobrando para pagar dividendos, o que vem puxando a queda das ações da estatal.
Ainda positivas no ano, as ações preferenciais e ordinárias da companhia registram queda no mês e vêm operando voláteis desde a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro, cujo plano de governo prevê a expansão da estatal para outra operações e não apenas no pré-sal, como previa o governo anterior. Prates porém não vê risco para os acionistas, já que eventuais investimentos serão feitos gradualmente.
“São cerca de oito anos até viabilizar tudo. É preciso estudar a viabilidade, o fornecimento de equipamentos, até a construção é uma coisa demorada. Mas é uma sinalização importantíssima em um evento global como a Ceraweek. É um marco importante para a história das duas empresas”, afirmou, em referência ao anúncio feito pela Petrobras e Equinor durante a feira, ambas petroleiras com participação dos seus respectivos governos.
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“A gente começou o jogo”, resumiu o executivo, também autor do Projeto de Lei que cria um marco regulatório para a geração eólica offshore e que está tramitando na Câmara dos Deputados.