Mas como ele vai funcionar na prática? Primeiro, a empresa oferece o Pix Automático como forma de pagamento. Depois, o cliente autoriza o pagamento recorrente no seu aplicativo bancário — definindo um valor máximo por cobrança e se quer ou não usar linha de crédito. Antes de cada pagamento, o banco avisará que uma cobrança está para ser feita e, no dia marcado, o pagamento é feito automaticamente — seguindo as regras já configuradas.
Para Ralf Germer, CEO e cofundador da PagBrasil, essa nova funcionalidade tem grande potencial de impacto — especialmente para negócios digitais e consumidores que hoje não utilizam cartão de crédito.
Germer avalia que a substituição do cartão de débito pelo Pix Automático não será imediata, mas inevitavelmente haverá uma forte redução no uso desse meio. “O Pix Automático tem tudo para se tornar o principal meio de pagamento recorrente no Brasil. Ele é mais prático, seguro e acessível, tanto para quem paga quanto para quem recebe”, ressalta. Por não depender de limites de crédito nem de cartões sujeitos a vencimentos ou bloqueios, o novo modelo resolve dores comuns do atual sistema.
Além disso, destaca que o recurso é acessível mesmo a quem não possui cartão de crédito, o que amplia a inclusão financeira e expande o mercado para empresas que operam com assinaturas e mensalidades.
O especialista também explica que a funcionalidade se apoia em duas infraestruturas sólidas: o Pix e o Open Finance, trazendo segurança para a novidade. “Toda a primeira cobrança precisa ser autorizada previamente pelo consumidor, que pode ajustar ou cancelar as permissões posteriormente direto no app do banco”, afirma. O processo é transparente, já que os débitos são notificados com antecedência, e a autenticação direta na conta bancária reduz significativamente o risco de fraudes em comparação com modelos baseados em cartão de crédito.
Para pequenos empreendedores e consumidores sem cartão, o impacto do Pix Automático pode ser ainda mais transformador. Germer acredita que democratizará o acesso aos pagamentos recorrentes. Ele lembra que cerca de 60% dos brasileiros de baixa renda não têm cartão de crédito, enquanto o Pix já conta com mais de 160 milhões de usuários ativos no país. Nesse contexto, o novo modelo representa uma forma mais simples, barata e previsível de receber pagamentos, com menos falhas e mais eficiência.
“A combinação entre praticidade, segurança e controle”, é, para o especialista, o principal diferencial do Pix Automático. O consumidor ganha autonomia ao autorizar o pagamento uma única vez e gerenciar tudo pelo aplicativo do banco, enquanto o lojista reduz custos, evita falhas e fideliza seus clientes com uma jornada de pagamento sem atritos.
Germer recomenda a novidade, “especialmente para negócios que trabalham com cobranças periódicas, como escolas, academias, clubes de assinatura e serviços digitais. A dica é: prepare-se agora. Quem estiver pronto no lançamento, em 16 de junho, vai sair na frente”, defendeu.
Algumas plataformas, como a PagBrasil, já oferecem o Pix Automático por meio da API (Application Programming Interface), link de pagamento e integrado ao PagStream.
O Pix Automático segue os mesmos padrões de segurança já consolidados no Pix. Se algo der errado, o cidadão pode recorrer ao Mecanismo Especial de Devolução (MED), basta entrar em contato com o banco.
Pix automático nos bancos
O mercado financeiro brasileiro já se movimenta diante da chegada do Pix Automático. Instituições como Nubank, Itaú, Santander, Banco do Brasil (BB) e XP Investimentos estão entre as ansiosas pela novidade, oferecendo recursos para preparar seus clientes ou reestruturando internamente. A XP, por exemplo, “encontra-se em fase de homologação e testes com infraestrutura do produto”, esclareceram em nota.
O Nubank, por outro lado, oferece a Assistente de Pagamentos da Conta do Nu, uma ferramenta que organiza boletos e compromissos financeiros, com o intuito de ajudar o usuário a manter o controle das contas: “sejam elas por boleto, débito automático ou Pix“. O Banco do Brasil, por sua vez, está promovendo um programa piloto de testes com usuários que desejam experimentar o Pix Automático antes do lançamento. Os participantes recebem condições especiais como incentivo para testar a funcionalidade, basta preencher o formulário com o contato e as informações requisitas, “assim como as expectativas da empresa com a parceria do Convênio Pix Automático”, escreveu o BB.
Já o Santander destaca que, para aderir ao débito automático via Pix, não será necessário cadastrar uma chave Pix. Todavia, os clientes pessoa física que mantiverem o Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou número de celular como chave Pix na conta terão um benefício exclusivo: 10 dias de limite da conta sem cobrança de juros por mês.
O Itaú, por fim, aposta na educação financeira como estratégia. O banco está oferecendo aulas online gratuitas sobre o Pix Automático — a próxima está marcada para o dia 20 de junho, às 9h30 (horário de Brasília), 4 dias depois do lançamento. A instituição também inovou com o BoleCode, uma solução que une Pix e boleto em uma só emissão, oferecendo ao cliente duas formas de pagamento: por código de barras ou QR Code.
Planos do BC para o Pix automático
A ideia central do Pix Automático é oferecer uma experiência de pagamento sem fricções: com uma única autorização prévia, dada de forma segura no ambiente da própria conta bancária — seja pelo celular ou pelo computador — o usuário permitirá que débitos periódicos sejam feitos automaticamente, sem precisar autenticar cada transação individualmente.
“A chegada do Pix automático promete revolucionar a forma como realizamos transações financeiras. Essa inovação permitirá que os clientes bancários configurem pagamentos recorrentes de maneira ágil e segura, eliminando a necessidade de intervenções manuais. Além disso, o Pix automático reforça a segurança, pois as transações serão realizadas de forma padronizada e monitorada, proporcionando uma experiência ainda mais confiável para os brasileiros. Em um cenário onde a velocidade e a conveniência são essenciais, essa inovação se torna um diferencial competitivo indispensável”, analisa João Fraga, CEO da techfin Paag.
De acordo com o BC, do lado das empresas, o Pix Automático representa um avanço significativo. Ao eliminar a necessidade de convênios bilaterais (como ocorre hoje no débito em conta), o modelo torna as cobranças recorrentes mais baratas, padronizadas e acessíveis, inclusive para empresas de menor porte. Isso porque a funcionalidade opera com base na infraestrutura já existente do Pix, o que reduz os custos operacionais e facilita a adesão. Além disso, ao assegurar mais previsibilidade nos pagamentos, o Pix Automático tem potencial para reduzir a inadimplência.