Ações da Azul mudaram ticker e forma de negociação na Bolsa. Foto: Gonzalo - stock.adobe.com
As ações da Azul (AZUL54) enfrentam mais um dia de forte queda na B3 nesta sexta-feira (26). Após tombarem 58,02% na última sessão, os papéis da aérea derretem 33,09% às 14h44 de hoje, com preço de tela marcando R$ 2.275. O valor alto, no entanto, representa apenas uma nova forma de negociação dos ativos.
Desde terça-feira (23), as ações da Azul passaram a ser negociadas em um novo lote padrão de 10 mil ações. Com isso, o preço exibido na tela deixou de ser unitário e passou a representar uma cesta de papéis. Na prática, para encontrar o valor real de cada ação, o investidor precisa dividir o preço de tela por 10 mil.
Como as ações AZUL54 apareceram cotadas a R$ 2.275, isso representa um valor unitário de R$ 0,2275. Um processo semelhante aconteceu com a Gol (GOLL54) em junho deste ano. A empresa trocou o ticker GOLL4 por GOLL54, passando a operar em lotes padrão de 1 mil ações.
Como explicamos aqui, essa dinâmica, adotada automaticamente pela própria B3, funciona para evitar que os ativos de uma empresa sejam negociados a preços muito pequenos, abaixo de centavos. A medida busca evitar especulações e tornar o ambiente de negociação mais seguro, principalmente para investidores de varejo.
A oferta envolve a distribuição de 723,9 bilhões de ações ordinárias, ao preço de R$ 0,00013527 cada, e outros 723,9 bilhões de ações preferenciais, ao preço de R$ 0,01014509 por papel.
A operação envolve R$ 7,44 bilhões. A maior parte desse volume, cerca de R$ 7,34 bilhões, está concentrada nas ações preferenciais, enquanto aproximadamente R$ 97,9 milhões correspondem às ações ordinárias.
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Segundo a Azul, as novas ações preferenciais da oferta passarão a ser negociadas a partir do dia 8 de janeiro de 2026. As ações ordinárias começarão a ser negociadas na mesma data, com o código AZUL53, em um lote padrão ainda maior, de 1 milhão de ações. Ou seja, para calcular o valor unitário dos ativos AZUL53, o investidor deverá dividir o preço de tela por 1 milhão.
Na prática, a empresa converterá títulos de dívida emitidos no exterior em participação acionária. O processo, no entanto, dilui os atuais investidores minoritários que não participarem da oferta, por isso a queda das ações nos últimos dias.
“A captação de recursos para a conversão da dívida é mais um passo rumo à saída da Azul do Chapter 11 no início de 2026. No entanto, observamos que, dado o preço de conversão, espera-se uma grande diluição de patrimônio para os acionistas já existentes”, destacam os analistas André Ferreira, do Bradesco BBI, e Larissa Monte, da Ágora Investimentos, que têm recomendação de venda para a aérea.