Usina da Raízen: prejuízo de R$ 1,84 bilhão pressiona ações e acelera plano de corte de dívida e desinvestimentos. (Foto: Adobe Stock)
A Raízen (RAIZ4) vive uma sessão turbulenta nesta quinta-feira (14), com suas ações PN (preferenciais) despencando cerca de 12,50%, cotadas a R$ 1,05 às 10h51, em meio à divulgação dos resultados do primeiro trimestre do ano-safra 2025/26 e às sinalizações de sua diretoria sobre a estratégia para enfrentar o cenário desafiador. O movimento pressionou também a controladora Cosan (CSNA3), que caía 5,80% no mesmo horário, a segunda maior baixa do Ibovespa no dia.
O CFO da companhia, Rafael Bergman, afirmou que a prioridade é reduzir de forma absoluta o patamar de dívida líquida e, para isso, o custo da dívida também precisa ser cortado.
Juros são pressão na geração de caixa da companhia.
Segundo ele, asmedidas de redução de endividamento visam diminuir o risco do negócio, o que inclui ações para alcançar o “portfólio ideal de ativos” por meio de desinvestimentos.
O CFO admitiu que a moagem de cana enfrenta desafios devido às condições de produção, o que leva a empresa a mirar no ponto médio para baixo do guidance.
Mesmo assim, destacou que a Raízen (RAIZ4) continuará operando em grande escala na produção de açúcar e biocombustíveis, mesmo com ajustes no portfólio. “Uma escala um pouco menor do que se tem hoje, ainda é uma escala gigante”, afirmou.
Resultados do balanço
No trimestre, a companhia reverteu o lucro de R$ 1,066 bilhão do mesmo período da safra passada e registrou prejuízo líquido de R$ 1,844 bilhão.
A receita líquida caiu 6,1%, para R$ 54,218 bilhões, enquanto o Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou 23,4%, para R$ 1,889 bilhão.
O desempenho foi prejudicado pelo fraco resultado da distribuição de combustíveis na Argentina, afetado por uma parada de manutenção mais longa na refinaria de Buenos Aires e por efeitos negativos de inventário.
A pressão sobre o balanço é clara: a dívida líquida cresceu 55,8% em um ano, alcançando R$ 49,220 bilhões, elevando o índice de alavancagem para 4,5 vezes o Ebitda ajustado.
Segundo a Raízen, a alta reflete a substituição de R$ 8,9 bilhões em linhas de capital de giro por instrumentos de dívida mais eficientes e de prazos mais longos.
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Apesar dos resultados, a administração enfatiza avanços na eficiência.
Bergman enfatizou que a companhia está “bem tracionada” para cumprir a meta de cortar R$ 500 milhões em despesas gerais e administrativas no ano-safra, já tendo registrado economia de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões no primeiro trimestre.
“É uma consolidação dessa cultura de austeridade e foco que implementamos desde que chegamos para este novo ciclo”, afirmou.
No campo dos investimentos, o CFO destacou que, após um período de Capital Expenditure (Capex) elevado com projetos como o etanol de segunda geração (E2G) e a refinaria argentina, a tendência é de redução e otimização, inclusive com hibernação ou venda de ativos menos estratégicos.
“Ao simplificarmos o portfólio e focarmos nos ativos de distribuição de combustíveis no Brasil, nosso perfil de risco muda de forma construtiva”, disse.
Rafael Bergman também admitiu que a Raízen (RAIZ4) avalia uma eventual capitalização para acelerar o plano de transformação operacional e redução de riscos, mas ressaltou que ainda não há decisão nem detalhes, e que qualquer movimento dependerá da coordenação com os controladores Shell e Cosan. “O que temos é uma conversa ativa para avaliar mecanismos que acelerem essa jornada e reduzam riscos”, afirmou.