Bilionário Ray Dalio acredita que acordo entre EUA e China foi feito de modo "muito razoável". Foto: Adobe Stock
O megainvestidor Ray Dalio classificou o acordo entre Estados Unidos e China como “muito razoável” em artigo publicado em sua conta no LinkedIn nesta terça-feira (13). As duas potências anunciaram no começo da semana que estabeleceram uma trégua de 90 dias em sua guerra comercial para permitir novas negociações. Pelo acordo, os EUA vão reduzir a tarifa sobre as importações chinesas de 145% para 30%, enquanto a China aliviaria o imposto de importação sobre produtos americanos de 125% para 10%.
Dalio acredita que a medida gerou um “otimismo justificado” sobre as negociações futuras. O megainvestidor também relembra que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e sua equipe estão agora na Arábia Saudita, em uma viagem pelo Oriente Médio para fechar acordos de investimento. “Estou confiante de que terão sucesso e me parece que outros acordos comerciais razoáveis virão em seguida”, destaca
Na visão do bilionário, questões cotidianas tendem a chamar a atenção dos investidores, afetar o sentimento e causar oscilações de curto prazo no mercado, enquanto “grandes forças” estão impulsionando mudanças significativas na ordem mundial. “Embora seja importante estar atento a ambos, as grandes forças que impulsionam tudo são as mais importantes, portanto, não devemos deixar que os eventos de curto prazo nos façam perder de vista os fatores de longo prazo que determinarão como a história se desenrola. Essa perspectiva é especialmente importante ao investir”, diz.
Dalio elenca cinco forças fundamentais. A primeira, relacionada diretamente à ordem monetária, envolve o que ele enxerga como alto endividamento dos Estados Unidos e de outros governos. “O que acontecerá nos mercados se dará, principalmente, em função dessas condições, mais do que das notícias diárias ou das decisões específicas de líderes”, reflete.
A segunda força abrange as desigualdades internas de riquezas em países, manifestando-se na ascensão do populismo e no enfraquecimento da democracia. O megainvestidor avalia que os poderes relativos entre Executivo, Judiciário e o Legislativo provavelmente serão testados.
Outro ponto elencado por Dalio é a ausência de uma potência mundial dominante, o que está levando a decisões mais unilaterais pelos países, com foco em seus próprios interesses. Nesse cenário, não só guerras comerciais, como também as tecnológicas, geopolíticas e militares têm mais risco de acontecer, o que leva os países a agir de forma mais agressiva e defensiva. “O multilateralismo está perdendo espaço para acordos bilaterais, com EUA e China buscando aproveitar isso a seu favor. Quem oferecer os melhores acordos terá os maiores e melhores resultados. A forma como isso será administrado é crucial para o rumo da ordem mundial”, destaca.
Há duas outras forças listadas por Dalio: a da natureza e a da inventividade humana. A primeira revela que as condições naturais, como secas e enchentes, estão piorando, o que terá custos financeiros e danos concretos significativos. “A capacidade de adaptação das pessoas e dos países será determinante”, pontua.
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Já a segunda força surge em um contexto de avanços tecnológicos. Ela tem o potencial de ampliar significativamente a capacidade humana de pensar e agir em diversas áreas. No entanto, esse poder pode ser direcionado tanto para grandes avanços quanto para grandes danos.
Sobre a postura de Trump em relação a essas forças, Dalio evitar fazer grandes conclusões. “O que vimos até agora sugere que o presidente está lidando com essas questões importantes e negligenciadas de forma relativamente errática, mas produtiva. Mas, francamente, ainda é cedo para dizer.”
Conselhos de Ray Dalio para os investidores
Em seu artigo, o bilionário trouxe ainda algumas sugestões aos leitores. A primeira seria lembrar que as notícias devem ser interpretadas dentro do contexto das grandes forças que, juntas, determinam a direção das mudanças nos ciclos históricos, com alterações na ordem monetária, na política interna, na geopolítica global, no clima e na tecnologia.
“Lembre-se também de que estamos à beira de grandes mudanças nessas ordens e que tudo dependerá de como elas serão enfrentadas: com inteligência e cooperação ou não”, diz.
Na parte de investimentos, Ray Dalio destacou a importância de ter um estratégia bem pensada, que inclua uma diversificação inteligente de ativos. Outro conselho do megainvestidor é não reagir, sem uma análise cuidadosa, a notícias e movimentos do mercado depois que eles acontecem.