A eleição de Javier Milei para a Presidência da Argentina foi bem recebida pelos mercados financeiros, mas há obstáculos que poderão rapidamente frustrar esse otimismo, avalia a Capital Economics.
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A consultoria disse que os investidores abraçaram a narrativa de que a base política fraca do presidente eleito fará com que ele tenha que trabalhar com aliados de centro-direita do ex-presidente Mauricio Macri. Isso permitiria que Milei avance com pautas como aperto fiscal e outras reformas, mas balancearia suas propostas mais radicais, como dolarização, analisou a Capital.
“Os primeiros comentários de Milei e os rumores sobre nomeações para posições econômicas importantes reforçaram esta narrativa”, escreveu o economista-chefe de Mercados Emergentes da Capital Economics, William Jackson.
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Ele contextualiza que, segundo reportagens da imprensa local, o economista Demian Reidel deverá ser nomeado presidente do banco central, em vez de Emilio Ocampo, que é a “força intelectual” por trás dos planos de dolarização de Milei. Jackson menciona ainda a escolha de Luis Caputo, aliado de Macri, para comandar o time econômico de transição de Milei, alimentando expectativas de que ele seja o próximo Ministro da Economia.
Williams alerta, entretanto, que há fatores que podem desapontar o otimismo do mercado. “O peso argentino requer um grande ajuste (a taxa oficial provavelmente terá de cair cerca de 50% em relação ao dólar) e uma (outra) reestruturação da dívida externa está nos planos”, aponta ele.
Além disso, na sua análise, Milei poderá ter de balancear a necessidade de trabalhar com Macri e a preservação da sua imagem como um “outsider” da política. Um arrouxo fiscal drástico, como o que Milei propõe, também será bem pior recebido pela população argentina em relação ao mercado de títulos.