Ações da Têxtil RenauxView (TXRX4) caem 18,65% e lideram perdas da B3; Ambipar (AMBP3) recua 18,18% e continua entre as maiores baixas do mercado. (Imagem: Adobe Stock)
A catarinense Têxtil RenauxView S.A. (TXRX4), sediada em Brusque (SC) e com mais de um século de história no setor têxtil, desbancou recentemente a Ambipar (AMBP3) como a maior queda da Bolsa de Valores. As ações preferenciais da companhia despencaram 18,65% nesta quinta-feira (16), fechando a R$ 1,57, enquanto a Ambipar recuou 18,18%, cotada a R$ 0,45 no encerramento do pregão.
Tradicional produtora de tecidos e fios de algodão para o mercado interno e externo, a RenauxView é considerada uma microcap (empresa de capital aberto com baixo valor de mercado), com valor de mercado próximo de R$ 20 milhões, o que explica a forte volatilidade do papel. Em ações de baixa liquidez, mesmo ordens moderadas de venda podem gerar movimentos expressivos de preço. O último balanço da companhia mostrou receita de R$ 114,13 milhões em 12 meses, mas um prejuízo líquido de R$ 59,1 milhões, sem sinais claros de recuperação.
A queda abrupta das ações, porém, não está relacionada a um evento operacional recente, e sim ao processo de desligamento da empresa do mercado acionário. A RenauxView está conduzindo um cancelamento de registro de companhia aberta (delisting) por meio de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), na qual o preço ofertado por ação foi de R$ 2,95. A operação recebeu autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para seguir um procedimento diferenciado, que dispensou a realização de leilão na B3 ou em mercado de balcão organizado.
A trajetória da empresa nos últimos anos também inclui um histórico de dificuldades financeiras. Em fevereiro de 2019, a Têxtil RenauxView protocolou um pedido de homologação judicial de plano de recuperação extrajudicial, buscando o reequilíbrio de suas dívidas e a manutenção das operações.
Enquanto isso, a Ambipar, usada como referência de comparação, continua enfrentando uma grave crise de confiança no mercado. O grupo de gestão ambiental entrou com um pedido de proteção contra credores em setembro de 2025, tentando evitar o acionamento de cláusulas de inadimplência cruzada que poderiam exigir o pagamento imediato de dívidas superiores a R$ 10 bilhões. Desde então, as ações acumulam uma queda de 86% desde a medida cautelar, chegando a cair 65% em um único pregão.
A derrocada foi intensificada por suspeitas de irregularidades em um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), questionamentos sobre governança corporativa e preocupações com a capacidade de geração de caixa diante de um elevado endividamento. No acumulado de 2025, os papéis da Ambipar já desvalorizaram cerca de 93%, figurando entre as piores performances da B3, atrás apenas da PDG Realty (PDGR3).
A história da empresa
A história da RenauxView começa em 1892, quando o cônsul Carlos Renaux fundou a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, uma das primeiras indústrias têxteis de Santa Catarina. Trinta anos depois, seu filho Otto Renaux, ao lado de Otto Neitsch, identificou uma oportunidade no segmento de tecidos para decoração e fundou, em 27 de abril de 1925, as Indústrias Renaux S.A., no mesmo endereço em que a companhia permanece até hoje.
A partir da década de 1970, a Renaux passou a focar a produção em tecidos para vestuário, com destaque para a camisaria masculina. Nos anos 1980, já empregando mais de mil profissionais, figurava entre as melhores empresas para se trabalhar na região.
O início dos anos 2000 marcou uma nova fase: a companhia ampliou sua atuação para além da camisaria, adotando em 2006 uma estratégia voltada a “soluções de moda” para os segmentos feminino, infantil e masculino. Refletindo essa transformação, em 2007 a empresa passou a se chamar RenauxView.