

A renda fixa ampliou de 37,9% para 44,4% a participação nas carteiras de gestoras de patrimônio ao fim de 2024, chegando a R$ 221,5 bilhões de volume financeiro. Os fundos de renda fixa, os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e os títulos públicos representam 59% do crescimento da classe, somando um incremento de R$ 28,3 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima).
Em termos de volume financeiro, os fundos de renda fixa chegaram a R$ 58,6 bilhões (+22,6%), os títulos públicos a R$ 38,4 bilhões (+22,4%) e os FIDCs a R$ 27,4 bilhões (61,8%). “Houve um apelo maior para renda fixa [no último ano], pelo ambiente do cenário macroeconômico de subida de taxa de juros”, disse Richard Zillioto, coordenador da Comissão de Gestão de Patrimônio da Anbima, em entrevista ao Broadcast Investimentos.
Destaque também para as debêntures (títulos de dívida) incentivadas, que tiveram um aumento de 65,6% e alcançaram um volume de R$ 14,5 bilhões. O segmento vem em uma onda de crescimento entre os títulos isentos, saindo de R$ 4,9 bilhões em 2022, para R$ 8,8 bilhões em 2023. Ao fim do ano passado, as debêntures incentivadas representavam cerca de 25,3% do volume em isentos, que ao todo acumula R$ 57,3 bilhões no total das carteiras.
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“É um volume importante. Os títulos isentos ganham apelo na medida em que um dos principais veículos dos clientes [de gestoras de patrimônio] são os fundos de investimento, muitas vezes exclusivos, que tiveram impacto da legislação que passou a tributar com come-cotas nessa indústria”, observa Zillioto. Ele diz que muitos clientes repensaram as estruturas exclusivas, com algumas adequações, como migração para veículos incentivados.
Ainda no segmento de investimentos em renda fixa, o volume das letras de crédito imobiliário (LCI) aumentou para R$ 12 bilhões (+60,7%), acompanhado por letras de crédito do agronegócio (LCA), com R$ 11,4 bilhões (+47,5%), certificados de depósito bancário (CDBs), com R$ 11,7 bilhões (37,4%), certificados de recebíveis imobiliários (CRI), com R$ 8,8 bilhões (+32%), certificados de recebíveis do agronegócio (CRA), com R$ 6,1 bilhões (+22,3%), e letras imobiliárias garantidas (LIGs), com R$ 4,4 bilhões +16,6%).
Ativos híbridos e renda variável
Os ativos híbridos – que consideram cotas de fundos multimercados, imobiliários (FIIs) e de índice (ETFs, na sigla em inglês) – tiveram variação negativa no último ano, de 25,3% do total da carteira para 19,6%. Os multimercados perderam 23,3%, para R$ 74 bilhões do volume administrado. Já os FIIs tiveram um avanço de 20,3% no período, para R$ 19,8 bilhões. Os ETFs apresentaram alta de 42,1%, para R$ 4 bilhões.
A renda variável, por sua vez, perdeu algum espaço no volume financeiro das gestoras de patrimônio. O segmento representava 34,1% do total das carteiras em 2023 e recuou para 32,4% em 2024. A variação em volume foi positiva tanto para os fundos de ações (+5,7%), para R$ 74,2 bilhões, embora tenha havido um movimento concentrado de aproximadamente R$ 4,5 bilhões. O volume de ações ficou estável em R$ 58,1 bilhões.
Na avaliação de Zillioto, os fundos de ações são uma posição estrutural nas carteiras de gestoras de patrimônio, o que se reflete em uma certa estabilidade nos porcentuais de alocação na classe. “Acontece a despeito de um ano ou período difícil”, observa. Por outro lado, diferentemente da renda fixa, os fundos multimercados continuam sofrendo em meio ao cenário de amplos resgates e dificuldade em entregar retornos consistentes, segundo o executivo da Anbima. “O público pressiona ao olhar a questão da rentabilidade e a indústria sofre.”
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