O crescimento do patrimônio líquido (PL) no primeiro semestre deste ano foi puxado pelo varejo de alta renda (+10,7%), seguido pelo private (+5,4%). Já o varejo tradicional cresceu 4,1% no período. O varejo responde por R$ 5,5 trilhões do PL total, com 189,9 milhões de contas, enquanto o private responde por R$ 2,4 trilhões, com 161,7 mil contas e 66,9 mil grupos econômicos.
Em coletiva de imprensa nesta manhã, a presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Luciane Effting, fez a ressalva de que ainda não há dados do volume de investimentos do segmento private remetido ao exterior.
Renda fixa representa quase 60% das carteiras
A renda fixa foi o segmento que mais cresceu na carteira dos investidores durante o semestre e continua predominante, com uma fatia de 58,9% em junho ante 58,1% em dezembro de 2024. Já a renda variável teve leve recuo de 13,4% para 13,1%, e os ativos híbridos — fundos multimercado, fundos de índice (ETFs), fundos imobiliários (FIIs) e certificados de operações estruturadas (COEs) — caíram de 10% para 9,6% no mesmo período. O segmento de previdência permaneceu estável, em 18,3%.
Segundo a Anbima, quase metade (46,6%) do volume financeiro aplicado pelos investidores está em títulos e valores mobiliários. O produto favorito ainda são os certificados de depósito bancário (CDBs), que cresceram 9,9% e ultrapassaram a marca de R$ 1,1 trilhão, puxados pelos investidores de varejo alta renda. As ações vêm em seguida, com R$ 767,3 bilhões, com o varejo tradicional responsável por 49,7% da alta na classe.
Os produtos isentos seguiram como destaque, com R$ 1,388 trilhão. As letras de crédito do agronegócio (LCA) representam quase 40% desse total, com R$ 536,7 bilhões, seguidas pelas letras de crédito imobiliário (LCI), com R$ 426,5 bilhões — destaque na alocação de investidores private. “CDB e Letras se destacam pela taxa de juros mais alta, além do fato de Letras ainda serem isentas [de imposto de renda], sendo produtos ainda bastante procurados pelo investidor pessoa física”, afirma Effting.
A poupança recuou de 13,1% em dezembro de 2024 para 12% das carteiras em junho de 2025, enquanto os fundos de investimento passaram de 23,4% para 23%. Nesta última classe, os fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) se sobressaem, com alta de 51% e total de R$ 35,2 bilhões em investimentos — avanço liderado pelo varejo tradicional, responsável por 71,4% do crescimento.
“Em termos de volume, o aumento do FIDC não é o mais significativo, mas, dada a base de onde parte, é expressivo. Isso se deve ao produto ter sido aberto inclusive para investidores de varejo, democratizando o acesso, e ao mercado de pequenas e médias empresas, que se utilizam dessa alavanca para captar recursos”, avalia Effting.
Os fundos de renda fixa, com R$ 855,7 bilhões, e multimercados, com R$ 532,8 bilhões, seguem na dianteira das alocações. Para o segundo semestre, a diretora da Anbima avalia que a renda fixa deve manter a liderança, dado o nível elevado da taxa básica de juros. Além disso, com a possibilidade de que títulos isentos sejam tributados a partir do ano que vem, o apetite por esses ativos pode aumentar nos próximos meses, conforme investidores busquem garantir o benefício tributário.
Norte e Nordeste têm maiores avanços
As regiões Norte e Nordeste registraram os maiores crescimentos no primeiro semestre de 2025, com altas de 8,5%, para R$ 142,7 bilhões, e de 7,9%, para R$ 737,8 bilhões, respectivamente. O maior volume financeiro segue no Sudeste, com R$ 5,283 trilhões, seguido pelo Sul, com R$ 1,358 trilhão, e pelo Centro-Oeste, com R$ 420,3 bilhões.