O Safra atualizou suas estimativas para o setor de saneamento para abranger potenciais cenários de privatização e reiterou a preferência por Sabesp (SBSP3), com recomendação outperform (equivalente a compra). O preço-alvo subiu de R$ 64,6 para R$ 80,2, o que representa um potencial de valorização de 36% ante o fechamento da ação no pregão de ontem.
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O banco também elevou a recomendação de Copasa (CSMG3) de neutro para outperform e subiu o preço-alvo para a ação da empresa de R$ 18,4 para R$ 27,4, com potencial de 47,55% de alta sobre o fechamento de ontem.ção
Já a recomendação para Sanepar foi rebaixada de neutra para underperform (equivalente a venda) devido ao maior risco regulatório. O preço-alvo para a Unit da empresa subiu de R$ 20,7 para R$ 25,9, 13% maior que a cotação da Unit da empresa no pregão de ontem.
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Em relatório, os analistas Daniel Travitzky, Carolina Carneiro e Mario Wobeto afirmam que os cenários base assumem Copasa e Sabesp avaliadas em 1,0 vez o EV/RAB (versus múltiplo médio de 0,76 EV/RAB 2023 em que estão negociando atualmente), o que avaliam como conservador, considerando os múltiplos implícitos mais elevados de pares.
“Não assumimos quaisquer alterações aos regulamentos atuais (continuação do quadro de base de ativos), mas esperamos que estas empresas possam beneficiar de ganhos de eficiência após a privatização”, destacam.
Para os profissionais, o valor adicional das empresas pode ser significativo. Atualmente, explicam, o modelo regulatório das empresas de saneamento não implica vantagens significativas. Contudo, para promover as privatizações, enxergam uma possível mudança neste cenário para permitir que as empresas se beneficiem de ganhos de eficiência ou de uma mudança na regulação para um regime de tarifa fixa durante pelo menos alguns anos da concessão.
“Na nossa opinião, o modelo de tarifa fixa permitiria às empresas capturar benefícios do seu desempenho operacional superior, levando a um serviço mais eficiente. Este modelo também seria menos sujeito a interferências políticas, reduzindo assim a incerteza regulatória, o que poderia levar a uma redução do custo da dívida e a um quadro mais estável para investimentos na área de concessão”, afirmam.
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De qualquer forma, acrescentam, se o modelo replicar pelo menos os incentivos observados nas empresas de distribuição de energia, estimam um upside de R$ 61,1/ação (+76%) para a Sabesp e de R$ 18,9/ação (+69%) para a Copasa em comparação ao esquema regulatório atual.
“Pelas informações que temos até o momento, a Sabesp e a Copasa encontram-se em diferentes estágios do processo de privatização. Em nossa opinião, o processo da Sabesp está atualmente em um estágio mais avançado, uma vez que o Governo do Estado de São Paulo anunciou oficialmente a privatização da empresa e a cidade de São Paulo concordou com sua adesão às unidades regionais de abastecimento de água e saneamento, o que vemos como um passo fundamental para o sucesso das privatizações. Já o processo da Copasa depende da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional, que os analistas veem como um passo preliminar para o avanço do processo”, afirmam.
Ambas as privatizações exigirão a aprovação de projetos de lei específicos pelas respectivas Assembleias Legislativas antes de serem definidos os modelos econômicos e de privatização. “Em nossa opinião, o Estado de São Paulo terá uma tarefa relativamente mais fácil em garantir os votos necessários para a aprovação da privatização”, dizem.
Os analistas citam alguns riscos para o cenário traçado. “Acreditamos que ambos os projetos de privatização são muito sensíveis às próximas eleições locais do próximo ano, (a realizar em outubro de 2024), uma vez que este tema tende a alimentar disputas políticas, o que pode causar atrasos ou mesmo interromper o andamento de tais planos”, observam. Além disso, citam a regulação. Para eles, um quadro regulamentar desfavorável que impeça as empresas de captar um desempenho operacional superior ou encargos que reduzam as vantagens da privatização poderão reduzir o interesse dos investidores nestes processos.
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