O ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman avaliou nesta quarta-feira (23) que uma nova alta da taxa básica de juros, a Selic, a partir do segundo semestre de 2023, é uma “possibilidade concreta” com a atual perspectiva fiscal, tendo em vista planos do governo eleito de elevar o teto de gastos do próximo ano. Schwartsman participa do 17º Seminário Internacional da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Siac), realizado em São Paulo (SP).
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“Em meados do ano o Banco Central anunciou que pararia o aperto monetário e se olhava para um período de seis a 12 meses com expectativa forte de queda da Selic, algo como 14% ao ano no primeiro semestre de 2023 e em torno de 12,5% nos seis meses posteriores. Mas o cenário de queda de juros para o segundo semestre de 2023 mudou por causa da perspectiva fiscal. A elevação da taxa passa a ser uma possibilidade concreta”, disse o economista.
Schwartsman ponderou que a queda recente do IPCA decorre em grande medida da redução de impostos federais e estaduais decretada em meados deste ano pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, mas que os núcleos de inflação descolam dos dados do IPCA. “Olhando para 2023 e 2024, vemos expectativas em geral distantes da meta de inflação. O IPCA deve recuar, porém a inflação deve se manter acima da meta em 2023 e também em 2024”, pontuou Schwartsman. “O consenso aponta para alta do PIB de 2,5% a 3% este ano, com revisão para baixo em 2023”, disse.
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O ex-diretor do BC destacou que há uma trajetória de recuperação da economia neste ano, “fortemente ancorada” pela recuperação do segmento de serviços. Segundo ele, o crescimento da geração de empregos reflete a retomada do segmento, com a maior parte dos empregos criados desde agosto de 2020 na área de serviços. Schwartsman chamou a atenção também para a recuperação da renda que, disse ele, superou recentemente níveis pré-pandemia.
Conforme dados apresentados por Schwartsman, a taxa de desemprego caiu de 22,2% em 2020 para pouco abaixo de 9% atualmente, considerando porcentual histórico da população brasileira (de 2012 a 2019) em idade de trabalho, de 61-62%. “Provavelmente chegamos em um nível de desemprego que começa a pressionar a inflação.”