Ações da Suzano recuaram 4,3% após o novo guidance de custos divulgado no Suzano Day 2025, realizado em São Paulo. (Foto: Adobe Stock)
A Genial Investimentos reiterou a recomendação de compra para Suzano (SUZB3), com preço-alvo de R$ 63,50, o que representa um potencial de valorização de 27,92% em relação à cotação de R$ 49,64 registrada nesta sexta-feira (12). Para os analistas, apesar das pressões de curto prazo e da sensibilidade do mercado a revisões de custos, a empresa segue bem posicionada para atravessar o ciclo e capturar valor nos próximos anos.
A corretora destaca que o “ponto sensível” da Suzano neste momento é o novo guidance de TOD (desembolsos operacionais totais) para 2027, que foi revisado para R$ 1.983 por tonelada durante o Suzano Day 2025. Segundo a Genial, alguns investidores esperavam uma trajetória de queda mais rápida, o que gerou desconforto, mesmo que os fundamentos estruturais permaneçam sólidos.
A companhia, no entanto, argumenta que a revisão incorpora variáveis macroeconômicas, como inflação e câmbio, além de atualizações operacionais. O CFO Marcos Assumpção afirmou que o número reflete “ajustes necessários para garantir competitividade e previsibilidade no longo prazo”. Na avaliação da Genial, a mudança não altera a visão estratégica: a Suzano continua caminhando para um ciclo mais forte de geração de caixa.
Esse movimento é reforçado pelo novo Capital Expenditure (Capex), que deve cair de R$ 13,3 bilhões em 2025 para R$ 10,9 bilhões em 2026. A redução é explicada por menores gastos florestais, pela conclusão do Projeto Cerrado e por ajustes discricionários. Para a casa, a menor intensidade de investimentos abre espaço para desalavancagem e fortalece a tese de retorno ao acionista.
Além disso, a empresa aprovou R$ 1,4 bilhão em dividendos intermediários, equivalente a R$ 1,12 por ação, e confirmou um aumento de capital de R$ 5 bilhões, sem emissão de novos papéis. A Genial salienta que o movimento reforça a disciplina financeira e a estratégia da companhia de manter a dívida líquida abaixo de US$ 11 bilhões, com objetivo de chegar a 2,5x Dívida Líquida/EBITDA nos próximos anos.
Suzano passa por transição nos investimentos
No campo operacional, o evento trouxe atualizações importantes. O CEO Roberto Abreu destacou que a companhia vive a transição de um ciclo de investimentos para um ciclo de extração de valor. Segundo ele, os principais projetos foram concluídos, o que permite reorganizar a estratégia em torno de competitividade e monetização.
Entre os destaques, Ribas do Rio Pardo superou novamente as expectativas: a fábrica deve fechar 2025 com 2,6 milhões de toneladas, acima da capacidade nominal, sinalizando eficiências que ajudarão na queda estrutural dos custos até 2027.
No front de mercado, o VP Leonardo Grimaldi afirmou que a demanda por BHKP (uma fibra curta de eucalipto) deve crescer 4,5 milhões de toneladas até 2029, impulsionada por China e emergentes. De acordo com ele, cada ganho de um ponto percentual na participação da hardwood adiciona 3,3 milhões de toneladas de demanda ao longo de cinco anos.
Depois do Investor Day, Suzano cai 4,3% no pregão
Para a Genial Investimentos, apesar da queda das ações após o evento, a tese de longo prazo permanece robusta.
“Seguimos com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 63,50, o que implica upside de 28%”, afirma a Genial.
A visão permanece otimista porque a trajetória de desalavancagem está bem definida, os investimentos estão recuando e a Suzano (SUZB3) continua liderando o setor em custos, inovação e capacidade tecnológica. Embora o mercado tenha se incomodado com a revisão do TOD, o conjunto das mensagens do Suzano Day reforça uma empresa mais leve, mais disciplinada e mais preparada para capturar valor quando o ciclo global de celulose voltar a se equilibrar.