Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil. Foto: Isac Nóbrega/PR/Agência Brasil
A tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump ao Brasil começou a valer na quarta-feira (6). Em artigo publicado na data, o Financial Times repercutiu a medida, mas destacou que os ativos brasileiros, como o real e o Ibovespa, “mal reagiram” ao tarifaço.
“Apesar da escalada nas tensões – com o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acusando Trump de violar a soberania do País –, os ativos brasileiros mal reagiram”, disse. “O real ainda acumula alta de quase 13% frente ao dólar neste ano. O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, onde estão empresas como Petrobras (PETR3;PETR4) e Vale (VALE3), mantém um ganho de 11%”, complementou.
Na avaliação do jornal, a resposta contida reflete a natureza relativamente fechada da economia brasileira, o que reduz os impactos sobre o Produto Interno Bruto (PIB) do País. Analistas da Capital Economics estimam que, no pior cenário, uma tarifa generalizada de 50% sobre todas as exportações brasileiras para os EUA reduziria entre 0,3 e 0,5 ponto percentual do PIB do Brasil ao longo de três anos.
Uma análise semelhante é seguida pelo Goldman Sachs. O banco gringo estimou que o efeito negativo líquido no crescimento da economia brasileira pode ser de cerca de 0,25 ponto porcentual, em um cenário que não considera uma retaliação significativa por parte do governo Lula. O UBS BB, por sua vez, estimou que o impacto é de no máximo 0,6 ponto porcentual. A análise considera que 74% das exportações brasileiras para os EUA podem ser redirecionadas mais facilmente a outros países.
Em seu artigo, o Financial Times apontou que alguns setores sofrerão mais do que outros. Isso porque, com exceção do suco de laranja natural, a maioria dos produtos agrícolas não está isenta das tarifas de Trump – veja aqui quais terão a taxa extra. “Mesmo nesse caso, o Brasil não está preso aos EUA. Pode encontrar outros compradores para produtos agrícolas importantes como soja, carne bovina e café”, ressaltou o texto.
O artigo termina com um recado voltado a investidores. Com o Ibovespa sendo negociado a cerca de oito vezes o lucro projetado, abaixo da média de 10 vezes nos últimos dez anos, o entendimento é de que esse pode ser um ponto de entrada atrativo para investidores que procuram maneiras alternativas de apostar na tese “Trump Always Chickens Out” – algo como “Trump sempre amarela”. “Mesmo quando ele avança, as tarifas nem sempre causam impacto real”, conclui o Financial Times.