Os rendimentos dos Treasuries (títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano) caíram nesta sexta-feira (14), à medida que as incertezas na França geram um quadro global de cautela que amplia a demanda pela segurança dos títulos americanos. O movimento foi amplificado pela crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) corte juros duas vezes este ano.
No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,692%, o da T-note de 10 anos recuava a 4,207% e o do T-bond de 30 anos cedia a 4,341%. Nos vértices de 10 e 30 anos, a taxas chegaram a tocar os menores níveis desde o fim de março.
Pesquisas recentes indicaram que a extrema-direita é favorita para vencer as eleições legislativas da França no final deste mês, antecipadas no domingo pelo presidente do país, Emmanuel Macron.
O temor de que a divisão política deflagre uma deterioração da trajetória fiscal francesa provocou uma liquidação de ativos de risco na Europa e teve ecos também nos negócios do outro lado do Atlântico, de acordo com o BMO Capital Markets.
“Embora normalmente pensemos que o que acontece em Paris fica em Paris (ou pelo menos na Europa), o episódio atual assumiu um caráter mais preocupante para os mercados financeiros globais do que seria esperado”, diz o banco de investimentos.
Investidores também mantiveram o foco nas perspectivas para o Fed, que manteve juros na última quarta-feira. Hoje, a Universidade de Michigan informou uma queda no sentimento do consumidor na leitura preliminar de junho, enquanto as expectativas de inflação para 1 ano ficaram estáveis.
Neste cenário, a curva futura consolida a precificação por uma redução acumulada de 50 pontos-base na taxa básica do Fed este ano, de acordo com o BMO Capital Markets. A visão contrasta com as expectativas dos dirigentes, que na maior parte esperam apenas 1 corte, de acordo com o gráfico de ponto.
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Hoje, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, reiterou que serão necessários mais dados favoráveis para justificar o relaxamento monetário. Já a líder da regional de Cleveland, Loretta Mester, comentou que a inflação não deve voltar à meta de 2% antes de 2026.