Os juros projetados nos Treasuries recuavam no fim do dia em Nova York, em uma reversão relevante do movimento visto pela manhã, quando subiram em resposta à leitura do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos.
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O dado foi mais forte do que o esperado em dezembro, mas a variação foi insuficiente para anular a expectativa de parte dos investidores de que o Federal Reserve (Fed) ainda tem espaço para reduzir a taxa básica de juros de maneira contundente, provavelmente com um primeiro corte já em março. Ao longo da sessão, membros do Fed ficaram no radar e tentaram calibrar as expectativas em relação ao momento e tamanho do alívio monetário.
No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos caía a 4,266%, ante uma máxima de 4,3877% e um nível de 4,354% ontem. O rendimento da T-note de 10 anos rondava 3,977%, de um pico de 4,0700% e ante 4,043% ontem. O juro do T-bond oscilava em 4,184%, ante 4,213% ontem. Puxando os rendimentos para baixo, o Departamento do Tesouro dos EUA informou hoje que leiloou US$ 21 bilhões em T-bonds de 30 anos, com rendimento máximo de 4,229%, número abaixo do registrado pelo título antes do resultado da operação, o que ajudou a firmar os retornos no negativo. Já a taxa bid-to-cover, um indicativo da demanda, ficou em 2,37 vezes, abaixo da média recente, de 2,43 vezes.
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Também hoje, o índice cheio do CPI dos EUA veio mais forte que o esperado tanto na variação mensal quanto anual. “Dada a resposta do mercado à inflação desta manhã, não está completamente fora de questão que, mesmo no caso de uma repetição da combinação de um relatório do payroll e do CPI de dezembro em janeiro e fevereiro, o mercado continue a apostar totalmente num corte nas taxas”, escreveram analistas do BMO.
A casa não tem esse cenário base, mas notou que os investidores demonstraram vontade de ignorar (ou desvalorizar fortemente) os dados e as mensagens do Fed. Até o encontro do BC americano em março, o mercado receberá outras duas divulgações de dados de inflação, observaram os analistas. No fim da tarde, a probabilidade de um corte da taxa básica de juros pelo Fed em março era de 70%, ante 64,7% ontem, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group.
Entre os membros do Fed que tiveram aparições públicas hoje, a presidente da distrital de Cleveland, Loretta Mester, disse que a inflação nos EUA está caindo e que os dados do CPI confirmam isto, mas que indicam também que o trabalho no combate à pressão inflacionária não acabou e um corte nos juros já em março parece “muito precoce”.
Mesmo assim, ela observou que os dados recentes sugerem que a economia americana pode, sim, estar caminhando para um pouso suave, mas isto deve exigir que o Fed mantenha as políticas calibradas para não puxar a atividade para baixo além do ideal.
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