Os juros dos Treasuries retomaram a escalada a máximas em vários anos na ponta longa, com os investidores ponderando os próximos passos de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), a situação fiscal americana e resiliência da economia dos Estados Unidos, evidenciada por dados acima do esperado do relatório Jolts sobre o mercado de trabalho.
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Por volta das 17h(de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 5,145%, ante 5,096% no fim da tarde de ontem. O da T-note de 10 anos avançava a 4,799%, ante 4,678% na véspera. Na máxima intradiária, a taxa ultrapassou a marca de 4,8% pela primeira vez desde agosto de 2007. O rendimento projetado no T-bond de 30 anos marcava alta a 4,933%, ante 4,775% ontem. Esse rendimento chegou a 4,949%, maior nível desde setembro de 2007.
Dois membros do Fed que não votam em decisões deste ano estiveram em destaque no noticiário. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, que afirmou hoje que houve “progresso significativo” na luta contra a inflação nos Estados Unidos, mas notou que o caminho até se atingir a meta de 2% “pode ser acidentado”. A presidente da unidade do BC de Cleveland, Loretta Mester, disse que apoiaria outro aumento na próxima reunião do Fed, em novembro, se a economia dos EUA tiver o mesmo desempenho que apresentava na época do encontro de setembro.
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Gestor dos fundos macro da Principal Claritas, Damont Carvalho, disse, em entrevista ao Broadcast, que o rebaixamento do rating soberano pela Fitch em agosto – alertando para riscos fiscais – e o aumento nas vendas de títulos americanos por BCs da China e do Japão, enquanto tentam evitar perdas no mercado de câmbio local, teriam ampliado a alta dos rendimentos. Os preços dos títulos seguem sentido oposto das taxas.
Mercado segue debatendo quem financiará as crescentes necessidade de financiamento do Departamento do Tesouro dos EUA, notaram analistas da BMO Capital. O juro projetado nos Treasuries é a taxa de juros que o governo americano remunera os investidores para tomar recursos emprestados por diferentes prazos.
Pesquisador associado do FGV-IBRE e sócio da BRCG, Lívio Ribeiro observou, em entrevista ao Broadcast, que há uma “desorganização do mercado”, num momento em que a percepção de risco global está elevada.