O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, retorna à Casa Branca nesta segunda-feira (20) e os investidores seguem atentos à cerimônia de posse que teve início às 11h30 (horário de Brasília). Com um cenário desafiador à frente e perspectivas de um mundo com maior inflação e com o dólar mais forte, juros mais altos e elevação dos preços do petróleo, o Ibovespa hoje opera com cautela e boa parte dos ativos dolarizados recuam na sessão.
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O principal índice da B3 sobe 0,37% aos 122.798,52 por volta das 12h53 (de Brasília), limitando os ganhos com as ações da Vale (VALE3) que recuam 0,95%. Vale lembrar que os ativos da mineradora compõem boa parte do Ibovespa.
As possíveis medidas de Trump para fortalecer a economia americana tendem a acelerar a inflação, com o mercado projetando juros mais elevados nos Estados Unidos o que vai deixar o dólar mais forte frente a outras moedas globais. “Esse cenário irá beneficiar empresas exportadoras, como as empresas brasileiras de commodities”, avalia Marcos Moreira, sócio da WMS Capital.
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Outros ativos dolarizados, como Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) também recuam 1,35% e 0,59%, respectivamente, enquanto Embraer e Petrobras mostram fôlego positivo de 0,37% (EMBR3), 0,82% (PETR3) e 0,51% (PETR4).
Com as bolsas americanas fechadas devido ao feriado do Dia de Martin Luther King Jr., o principal índice da B3 opera sem grande referência e com cautela enquanto aguardo a posse de Trump, que ocorre à tarde. Isso porque as promessas do presidente eleito de elevação de tarifas para produtos estrangeiros, incluindo os brasileiros, acenderam um alerta no setor empresarial brasileiro. Trump criticou diretamente o Brasil por “cobrar muito” de produtos americanos, levantando a possibilidade de uma resposta tarifária mais agressiva.
A maior alta do Ibov hoje é da Braskem (BRKM5), que dispara a 6%, após a companhia anunciar a execução de sete projetos de R$ 614 milhões para ampliar a capacidade de produção na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Alagoas. Veja aqui como as corretoras avaliam o anúncio.
Na outra ponta do índice, Raízen (RAIZ4) é a principal queda do dia, recuando 5,39%, e puxa as ações da Cosan (CSAN3), sua controladora, na segunda maior baixa do Ibov. As baixas acontecem após a Raízen divulgar seus dados operacionais com volume de queda de 26,6% ante igual período da safra anterior.
O que fica no radar do Ibovespa hoje
Posse de Donald Trump
Donald Trump retorna à Casa Branca nesta segunda-feira (20), em cerimônia com início às 11h30 no horário de Brasília. A partir de então, o mundo estará atento aos primeiros movimentos do 47º presidente dos Estados Unidos. Veja aqui detalhes sobre o novo governo.
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Nos mercados, o clima é de otimismo, precificando um cenário favorável às criptomoedas e à bolsa americana, apesar dos desafios que deverão surgir num mundo mais inflacionário com o dólar mais forte, juros mais altos e elevação dos preços do petróleo.
Além disso, analistas avaliam que o futuro das operações do TikTok nos EUA deverá ter efeitos sobre outras negociações importantes entre os dois países, a depender do cumprimento da promessa de Trump sobre adiar o banimento do aplicativo.
O presidente republicano também informou que seu governo começa na terça-feira (21) a maior operação de deportação de imigrantes nos EUA.
Bolsas internacionais
O dia em que Trump volta à Casa Branca deve ser de menor liquidez nos mercados em geral por causa do feriado nos EUA.
Na Europa, as principais bolsas têm sinal positivo, mas com fôlego limitado diante da expectativa sobre as políticas de tarifas que o presidente americano irá adotar. Trump impor tarifas comerciais para levar indústrias de volta aos EUA.
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Na Ásia, a maioria fechou em alta, em meio a sinalizações de Trump de uma postura mais suave em relação à China e após o banco central do país (PBoC) manter as principais taxas de juros estáveis.
Leilões de dólar do Banco Central
O Banco Central realiza dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra, os chamados “leilões de linha”, na modalidade pós-fixado Selic, nesta segunda-feira, no total de US$ 2 bilhões.
É a primeira oferta de linhas pelo BC em meses de janeiro desde 2023. Em dezembro, foram injetados US$ 32,575 bilhões no mercado de câmbio por meio de leilões à vista de dólares e leilões de linha, em meio à forte saída de dólares do País.
O leilão “A”, de US$ 1 bilhão, acontece de 10h20 às 10h25. O leilão “B”, também de US$ 1 bilhão, das 10h40 às 10h45. A taxa de câmbio usada para a venda de dólares será a Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro, calculada durante o dia pelo Banco Central) das 10h.
Boletim Focus
O relatório Focus do Banco Central trouxe, nesta segunda-feira (20), novas atualizações para os principais indicadores da economia.
A mediana do relatório Focus para o IPCA de 2025 subiu pela 14ª semana consecutiva, de 5,0% para 5,08% – mais de 0,5 ponto porcentual acima do teto da meta, de 4,50%. Um mês antes, era de 4,84%.
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A partir deste ano, a meta começa a ser apurada de forma contínua, com base na inflação acumulada em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Se o IPCA ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, considera-se que o Banco Central perdeu o alvo.
A mediana do relatório Focus para a Selic no fim de 2025 ficou estável em 15,0%. Um mês atrás, estava em 14,75%. Na sua última reunião, de dezembro, o Copom aumentou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais duas elevações de 1 ponto porcentual cada, que levariam os juros a 14,25% em março.
Commodities
O contrato mais negociado do minério de ferro no mercado futuro da Dalian Commodity Exchange, para maio de 2025, fechou em alta de 0,13%, cotado a 800,5 yuans por tonelada, o equivalente a US$ 109,27.
Já o petróleo mostra fôlego curto após o cessar-fogo na Faixa de Gaza. O Brent subia 0,09% e o WTI avançava 0,16% por volta de 9h50 (de Brasília).
Mercado brasileiro
Enquanto Trump fica sob os holofotes em Washington D.C, o presidente Lula deve cobrar nesta segunda-feira dos ministros ações concretas das pastas para mostrar à população, já com foco na disputa eleitoral de 2026. O presidente quer uma lista do que será entregue em 2025.
Perto do fim do recesso, três das maiores frentes parlamentares do Congresso agora articulam derrubar no plenário as mudanças feitas pelo petista no texto final da lei. A ofensiva deve ganhar força na primeira semana de fevereiro, após as eleições para o comando da Câmara e do Senado, no momento em que os congressistas também estarão discutindo o Orçamento de 2025.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
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*Com informações do Broadcast