A oferta da Unipar (UNIP6) pela fatia da Novonor na Braskem (BRKM5) é positiva e deve impulsionar as ações da petroquímica, segundo avaliação do Bradesco BBI. Para o banco, a oferta aumenta as chances de que o acionista minoritário da petroquímica se beneficie da transação.
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Em relatório, os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka destacam que anteriormente atribuíam uma chance de 30% dessa transação (venda da fatia da Novonor) acionar direitos de tag along aos acionistas minoritários, mas com a Unipar agora no jogo oferecendo aos acionistas minoritários buy-out e um pedaço da dívida da Novonor com bancos credores (que provavelmente será convertida em ações), as chances aumentaram.
Os profissionais notam ainda que outras partes interessadas em potencial, como a JBS, poderiam entrar e “adoçar o pote” por meio de uma guerra de lances.
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Falanga e Sadka explicam a diferença fundamental entre esta oferta e a oferta Apollo e ADNOC. Segundo eles, a Unipar está aberta para administrar a Braskem junto com a Petrobras e a Novonor (pelo menos em um primeiro momento), enquanto a Apollo/ADNOC, pelo menos inicialmente, parece querer a Braskem como um todo. Resta saber, observam, até que ponto a Unipar conseguiria realmente controlar a Braskem por meio de um novo acordo de acionistas.
“Vemos limitações para a capacidade da Unipar de pagar um prêmio às ações atuais da Braskem. Comprar, por exemplo, metade da posição da Novonor na Braskem (19,2%) e a participação do acionista minoritário (25,6%) a, digamos, um prêmio de 20% em relação aos preços atuais de negociação exigiria que a Unipar captasse R$ 11 bilhões”, calculam.
Supondo que a transação seja totalmente através de dívida, isso se traduziria em uma relação dívida líquida/Ebitda pós-operação proporcional (meio do ciclo) de 3,8 vezes.
Para os analistas do Bradesco BBI, a consolidação de 100% da Braskem melhoraria as coisas marginalmente, mas não muito. “Isso nos faz acreditar que o prêmio a ser pago pela Unipar aos atuais preços de tela é limitado, a menos que a Unipar faça uma oferta de ações considerável”, avaliam.
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Eles observam que atualmente a Unipar está focada no negócio cloro-vinílico, com um Ebitda anualizado de R$ 2 bilhões.
Atratividade
Falanga e Sadka destacam ainda alguns pontos que poderiam fazer com que este negócio não fosse concretizado ou não fosse benéfico para os detentores de ações da Braskem. Eles citam a hipótese de que a oferta da Unipar não seja atraente o suficiente para bancos e/ou acionistas minoritários; se a auditoria da Braskem e do incidente de Alagoas não alcançar resultado favorável (atualmente sob influência política do Senado); caso a Unipar não obtenha cargo satisfatório – negociar termos de controle com a Petrobras/Novonor.
Eles citam ainda a hipótese de a Unipar não conseguir levantar dinheiro para a transação; e caso a Petrobras exerça seu direito de preferência para comprar a participação da Novonor, estendendo 80% da oferta somente para titulares das ações ordinárias (BRKM3).
Eles observam que qualquer transação possível levaria tempo para se concretizar. “Esperamos que as negociações com todos os possíveis licitantes demorem muito. Há muitos detalhes a serem discutidos como controle acionário, fornecimento de matéria-prima, acidente em Alagoas, entre outros assuntos estratégicos”, afirmam.
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