

O Safra rebaixou a recomendação das ações da Usiminas (USIM5) para underperform (equivalente a venda) e cortou o preço-alvo de R$ 6,80 para R$ 5, o que representa um potencial de desvalorização de 14% sobre o fechamento do papel no pregão de quinta (24).
Em relatório, o analista Ricardo Monegaglia destaca que os papéis da empresa já se valorizaram 13% desde o início do ano, considerando o fechamento de ontem.
“Nos tornamos mais negativos quanto à melhoria dos lucros após o primeiro trimestre, já que esperamos que os preços internos do aço caiam ainda mais e compensem uma redução nos custos, e projetamos que essa perspectiva se prolongará até 2026”, afirma Monegaglia.
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Outro ponto negativo é a alta alavancagem operacional da empresa: o banco estima que cada queda de 1% nos preços domésticos realizados reduz o Ebitda (lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos) trimestral em R$ 55 milhões, ou 7%.
O Safra reduziu sua previsão de Ebitda da Usiminas para 2025 em 8% para R$ 2,54 bilhões. A estimativa considera a queda nos preços domésticos do aço e perspectivas de novos descontos, que só devem se recuperar no último trimestre do ano. “Reconhecemos uma perspectiva melhor para custos apoiados por um real mais forte e preços mais baixos de matérias-primas, mas acreditamos que isso não é suficiente para compensar a esperada queda de preços”, diz Monegaglia.
Além disso, os rendimentos de fluxo de caixa livre (FCF) não se mostram atrativos para o banco, que vê os números em 1% em 2025 e -3% em 2026. As estimativas consideram um capex (investimento) ajustado para condições de mercado desafiadoras para o período, em R$ 1,5 bilhão.
A redução do preço-alvo da Usiminas para R$ 5 levou em consideração uma taxa de crescimento (g) de 3,0% em perpetuidade. O que levou o banco a considerar que o valuation (valor do ativo) parece barato, levando em conta que a Usiminas está sendo negociada a um múltiplo de 3,6 vezes Ebitda sobre valor da empresa para 2025; para 2026, o valor vai para 3,4 vezes.
Mais oferta e menos demanda
“As importações de aço permanecem em níveis alarmantes, e o sistema de tarifas de cotas implementado em 2024 provou ser ineficaz até agora”, aponta o analista. Dessa forma, o cenário é desfavorável aos produtores locais diante da queda do preço do aço em bobina e quente (HRC) na China e as exportações crescem no país.
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No Brasil, o HRC tem uma queda no valor de 7% desde os picos de março, aponta o Safra, diante de um real forte e demandas mais fracas somadas à oferta abundante. “O Brasil também ficou para trás de outros países na implementação de tarifas protecionistas contra importações de aço”, conclui também em relatório sobre a Usiminas (USIM5).