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Vale (VALE3) dá pistas sobre Mariana e define data para acordo; veja detalhes

O pagamento dessa indenização preocupa o mercado pelo fato de que ele pode reduzir os dividendos da companhia; veja estimativas

Vale (VALE3) dá pistas sobre Mariana e define data para acordo; veja detalhes
Veja quais são as estimativas de dividendos para a Vale (Foto: Adobe Stock)

A Vale (VALE3) informou que as negociações sobre Mariana estão avançadas, a partir de propostas previamente apresentadas e divulgadas pelas partes, mostra documento enviado ao mercado na noite de quarta-feira (11).

Segundo a companhia, até o momento, nenhum acordo definitivo foi alcançado. “A companhia espera chegar a um acordo final no processo de mediação em outubro de 2024, o qual será devidamente divulgado ao mercado”, diz a empresa.

A empresa se manifestou para o mercado após reportagem da agência de notícias “Reuters” dizer que a mineradora pode fechar em breve um acordo com autoridades brasileiras para o pagamento de cerca de R$ 100 bilhões.

Impactos do acordo de Mariana para os dividendos da Vale

O acordo do desastre de Mariana ainda preocupa os investidores. Em 10 de agosto, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou uma carta aberta na qual pede a rejeição da proposta das mineradoras Vale e BHP Billiton, apresentada na Mesa da Repactuação Rio Doce.

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Conforme o MAB, as empresas buscam um acordo estimado em aproximadamente R$ 100 bilhões, porém o montante, conforme a entidade, não é suficiente para garantir uma reparação integral a todas as famílias atingidas. A associação estima que o valor relativo ao desastre deveria ser de pelo menos R$ 500 bilhões, quando comparado ao acordo firmado pela Vale na tragédia de Brumadinho.

Em nota enviada ao E-Investidor, a companhia disse na época que, como uma das acionistas da Samarco, segue engajada no processo de mediação conduzido pelo Tribunal Regional Federal da 6⁠ª Região. A empresa afirma que busca, junto às autoridades envolvidas, estabelecer um acordo que garanta a reparação justa e integral às vítimas e ao meio ambiente.

“A empresa reitera que as tratativas sobre o tema ocorrem exclusivamente no âmbito do processo de mediação, de acordo e em observância aos princípios norteadores desse tipo de método de solução de conflitos, sob a liderança do desembargador responsável pela condução do procedimento. A Vale reafirma seu compromisso com as ações de reparação e compensação relacionadas ao rompimento da barragem de Fundão, da Samarco”, aponta a mineradora.

O pagamento dessa indenização preocupa o mercado pelo fato de que ele pode reduzir os dividendos da Vale. Para os analistas do BTG Pactual, vários cenários estão na mesa, mas a companhia não deve pagar um valor acima do proposto inicialmente. Na visão deles, o máximo que pode acontecer é a empresa ter de aumentar suas provisões em R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões. De modo geral, o BTG vê pouco impacto do acordo nos proventos e calcula um pagamento de 9% do valor de mercado da Vale em dividendos para 2024 e um pagamento de 6,9% do preço da ação em proventos em 2025.

Já João Abdouni, analista da Levante, comenta que a empresa já tem R$ 50 bilhões provisionados em balanço e que o fato de ela querer pagar a quantia ao longo de 10 anos reduz as possibilidades de um grande impacto no balanço da Vale e nos dividendos da mineradora. O especialista estima que a empresa deve pagar cerca de 12% do seu valor de mercado em dividendos para o investidor, com pouco impacto do processo nos proventos.

Enquanto isso, Illan Albertman, analista da Ativa Investimentos, esclarece que é pouco provável que a Vale tenha que pagar os R$ 500 bilhões exigidos pela entidade e o valor tende a ficar o mais próximo da quantia proposta pela empresa. Ele reforça que o governo chegou a pedir R$ 160 bilhões no acordo final, mas isso continua indefinido. O especialista projeta que o montante fique em R$ 140 bilhões, o que não trará impacto para os dividendos.

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Fernando Marx, do TC, ressalta que se a companhia não tivesse de pagar a indenização o pagamento de dividendos seria mais robusto, com um dividend yield (rendimento de dividendos ) de 12% a 14%. No entanto, o especialista trabalha com o cenário base de pagamento da indenização. Sendo assim, ele diz que a empresa deve pagar cerca de 8% a 10% do seu valor de mercado em dividendos.

A Nord, por sua vez, incorpora o pagamento da indenização em suas estimativas de dividendos para a Vale (VALE3). O analista comenta que, para 2024 e 2025, a estimativa de dividend yield é de 9% a 10%.