Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset. Foto: Hélvio Romero/Estadão
Depois de atingir, no ano passado, sua menor exposição à Bolsa brasileira desde 2016, o Fundo Verde, do gestor Luis Stuhlberger, voltou a ter posição comprada em ações locais. As informações estão presentes na carta de gestão mensal da casa divulgada nesta segunda-feira (7).
No último mês, o fundo teve ganhos em euro, real, criptomoedas e crédito local. Do lado oposto, amargou perdas com hedges (estratégia financeira usada para proteger investimentos de oscilações nos preços de mercado) em petróleo e no livro de commodities. O Verde subiu 0,97% em junho, perdendo para o desempenho do CDI, de 1,1% no período. Em 2025, porém, o fundo sai na frente: avança 7,15%, enquanto o CDI tem ganhos de 6,41%.
Além de destacar a posição comprada em ações brasileiras, a carta mensal revelou que o Verde está neutro em Bolsa global. Em moedas, além de investir em euro e ouro, o fundo aumentou a posição em real. Manteve também a alocação em criptomoedas, assim como em crédito privado high yield (opções com alto retorno, mas também com alto risco) local e global.
“No Brasil, aumentamos as posições compradas em juro real. Nos Estados Unidos, trocamos mais um pedaço da posição de inflação por alocações aplicadas em juro real”, afirma a carta.
Gestora vê fragilidade fiscal no Brasil
Entre os destaques do noticiário do País em junho, a gestora destacou a batalha política em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que se acirrou com a derrubada pelo Congresso Nacional dos decretos de elevação do imposto. No final de maio, Stuhlberger chegou a classificar o aumento do IOF proposto pelo governo federal como “assustador”.
Em sua mais recente carta mensal, a casa avaliou que os temas centrais no mercado brasileiro continuam os mesmos: fragilidade fiscal, busca por popularidade à custa de mais gastos e impulso fiscal versus freio monetário. “O mercado busca olhar para longe, em busca da mudança eleitoral, mas com desafio de lidar com um custo de capital altíssimo”, ressalta, acrescentando que as alocações em real e no juro real continuam a parecer as de melhor retorno ajustado ao risco.
Cenário global segue em ‘direções benignas’
A gestão do fundo enxerga que o cenário econômico global continuou a evoluir em “direções benignas” no último mês. Os dados macroeconômicos americanos mostraram, em sua visão, uma economia ainda resiliente, mas começando a sentir impactos de menos imigração. Já a precificação de juros avançou na direção de um Federal Reserve (Fed) mais frouxo, com possível corte de juros nos Estados Unidos a partir de setembro.
“Vale dizer que embora o dólar continue se enfraquecendo, os mercados acionários americanos seguem performando bastante bem, tanto no absoluto quanto no relativo mais recentemente, empurrados por contínuas indicações de ampliação e aprofundamento da penetração da Inteligência Artificial (IA) nas companhias”, afirma.
A carta também observou que as tensões geopolíticas, ampliadas com os conflitos entre Israel e Irã e posteriormente aliviadas por um cessar-fogo entre os países, não mexeu tanto com o mercado, com exceção de alguma volatilidade no preço do petróleo em meados do mês.
“A guerra de doze dias entre Israel e Irã foi apenas mais um dos inúmeros eventos geopolíticos deste volátil e complexo ano, mas seus impactos e consequências – sem relativizar a tragédia humana que qualquer conflito sempre envolve – parecem de fato pouco relevantes à luz do conjunto de informações atual”, comenta a gestão do Fundo Verde.