Warren Buffett, atual CEO da Berkshire Hathaway. Foto: AP Photo/Nati Harnik
Enquanto investidores globais queriam ouvir Warren Buffett sobre a guerra comercial desencadeada pelas tarifas recíprocas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o grande destaque da reunião anual da Berkshire Hathaway foi a passagem de bastão do oráculo de Omaha, como ficou conhecido.
Ao discursar a uma plateia de cerca de 30 mil ouvintes no último sábado (3), Warren surpreendeu a todos ao anunciar, aos 94 anos, a sua saída do cargo executivo e que o vice-presidente Greg Abel irá assumir como CEO da companhia a partir de 2026.
Apesar do momento ter chocado os investidores, o discreto executivo canadense já era tido como um dos principais candidatos a suceder Buffett. “Substituí-lo é como substituir o Pelé. Não tem como. O desafio dele será manter o legado de Buffett, investindo em negócios geradores de caixa e resilientes”, diz o estrategista-chefe da corretora americana Avenue, William Castro Alves, em entrevista ao Broadcast, ao deixar a reunião, em Omaha, no Estado do Nebraska, nos Estados Unidos.
Na sua visão, um passo muito representativo será o próximo investimento da Berkshire, que mantém participações em empresas como Apple (AAPL34) e Coca-Cola (COCA34), além da sua histórica relação com o mercado de seguros.
A Berkshire mantém um caixa de cerca de US$ 330 bilhões em Treasuries (títulos da dívida estadunidense), títulos do Tesouro americano, considerados os investimentos mais seguros do mundo, e Buffett foi questionado pelos investidores durante a reunião anual.
Alves diz que o oráculo de Omaha deu uma dica ao destacar o segmento de transmissão de energia e o setor como um todo como “relevante e necessário” para os Estados Unidos. Abel é atualmente o executivo responsável pela área e vem supervisionando diversos negócios da empresa nos últimos anos. “Talvez o próximo investimento da Berkshire deva ser por aí”, sugere o estrategista-chefe da Avenue.
Mas, apesar de Abel ser o sucessor natural de Buffett, o anúncio de sua ‘aposentadoria’ chocou investidores, segundo relatos da imprensa americana. O momento é histórico. Em seu quarto ano na reunião anual da Berkshire, em Omaha, no estado de Nebraska, Alves conta que nunca viu a plateia tão cheia de investidores ávidos por ouvir Buffett.
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Apesar das horas ouvindo o oráculo, eles deixaram o local com muitas dúvidas sobre os próximos passos da Berkshire, e também se essa pode ter sido a última oportunidade de ver Warren Buffett no palco. “Será que vai ser uma das vozes na próxima reunião ou estará lá embaixo com os demais?”, questiona o estrategista-chefe da Avenue.