XP vê aumento nos rendimentos das LCIs após fim da MP 1.303; entenda
MP propunha elevar a arrecadação ao subir a tributação sobre aplicações financeiras. As letras de crédito, isentas de imposto, eram um dos alvos da medida
MP 1303 foi derrubada na Câmara em votação nesta quarta-feira, 8 Foto: Reprodução/TV Câmara
O diretor de Real Estate da XP Inc, Bruno Gargiolli, disse que há chance de um aumento na remuneração a ser paga pelos bancos aos investidores nas emissões das Letras de Crédito Imobiliário (LCI) após o fim da tramitação da Medida Provisória 1.303 no Congresso.
“A gente acredita que essa demanda vai continuar, mas existe sim um fator de risco de abertura de spread pela quantidade de estoque no balanço dos bancos”, afirmou Gargiolli. “O grande ponto de atenção é como isso vai se comportar no secundário e como isso pode influenciar no primário”.
O diretor da XP observou que, quando a possível taxação do rendimento das LCIs passou a ser discutida nos últimos meses, já provocou efeitos sobre as emissões. Desde então, as ofertas tiveram extensão dos prazos médios, aumentos de volume e redução de spread. Isso aconteceu pelos esforços das instituições financeiras para se anteciparem à potencial taxação.
“Se a gente olhar os books, as ofertas que vieram eram maiores, talvez, do que a capacidade operacional dos distribuidores de colocar esses papéis no mercado”, disse, citando também a redução dos spreads. “Os agentes de mercado se propuseram a um risco maior pela possibilidade desse estoque isento se extinguir”.
Gargiolli apontou ainda uma estabilização nos spreads mais recentemente, quando se passou a debater a potencial taxação das LCIs do teor da MP. “Vimos que as transações fechadas no intervalo não sofreram em termos de spread em relação a isso. Então, o que estamos enxergando é uma estabilização, talvez, do patamar dos spreads.”
O diretor da XP ponderou ainda que o rendimento nominal desses instrumentos de dívidas estão altos, o que pode limitar uma reprecificação para cima. “Com juros (Selic) a 15% ao ano, deveria ter uma exigência de prêmio do investidor, porque há, teoricamente, um risco sistêmico. Os juros estão altos e não é por um acaso. Mas o nominal se tornou tão relevante que o investidor na ponta final, a pessoa física, começou a não precificar da forma correta os spreads sobre o ‘risk free'”, avaliou. “Com juros a 15%, é bem possível que haja manutenção do spread menor pelo nominal. Ele acaba sendo muito forte nessa precificação”.
As declarações ocorreram durante sua participação no Fórum Brasileiro das Incorporadoras, organizado pela Abrainc.