Esta empresa que você não conhece, mas é cliente, está com dinheiro sobrando e busca onde gastá-lo
Com meio bilhão de reais em caixa, CEO fala ao Balanço em Foco que a companhia, que opera em 60 países, quer aproveitar oportunidades de fusões e aquisições
Você já pagou uma conta de luz, celular ou internet online, seja através do site da empresa que você contratou o serviço ou pelo aplicativo dela? Se a resposta foi positiva, provavelmente você utilizou a plataforma de pagamentos da Bemobi (BMOB3) para fazer isso, só que você não sabe. A companhia de tecnologia é white label, ou seja, suas soluções são personalizáveis com a marca dos clientes que a contratam.
Ela não aparece, mas lucra. E não é pouco: entre abril e junho de 2025, o lucro líquido ajustado da Bemobi chegou a R$ 38,8 milhões, crescimento de 4,5% sobre o valor registrado um ano antes. Já a receita líquida da companhia teve um salto de 19% no mesmo período, para R$ 175,1 milhões. E a geração operacional de caixa medida pelo Ebitda ajustado avançou 24,1% na base anual, atingindo R$ 59,9 milhões.
O bom desempenho, acima das projeções do mercado, veio na esteira do crescimento de dois dígitos nas quatro principais frentes de negócio: meios de pagamento e microfinanças, que expandiram acima de 20% cada uma no trimestre, na comparação anual, e software como serviço (SaaS) e assinaturas, cujas altas individuais ultrapassaram os 10% no período.
Os clientes da Bemobi no Brasil incluem, por exemplo, todas as maiores operadoras de telefonia do País e algumas das maiores empresas de energia e saneamento — a Sabesp entrou para o portfólio recentemente. A lista inclui mais de 1.400 empresas, das quais pelo menos 140 são de grande porte. Isso apenas no Brasil, mas ela atua em outros 59 países.
Em entrevista exclusiva à websérie Balanço em Foco, Pedro Ripper, CEO da Bemobi, falou sobre o bom momento da companhia e a consistência dos últimos resultados, que a levaram a acumular um caixa de meio bilhão de reais, sem dívidas. O valor, segundo ele, será usado para continuar pagando proventos, mas, principalmente, para fazer novas operações de M&A (fusões e aquisições).
Pedro Ripper, CEO da Bemobi (Divulgação)
“O lugar que estamos mais empolgados no momento, por incrível que pareça, é com o Brasil. O mercado de meios de pagamentos aqui é super sofisticado. (…) É um mercado que já está pronto para aderir as soluções que a gente oferece. O consumidor está pronto. O mesmo consumidor que compra no iFood, no Mercado Livre, é aquele que também paga uma conta de luz ou de banda larga. Ele já sabe usar as novas tecnologias, só está esperando o resto do mercado acompanhar as big techs“, avaliou.
Para controlar o crescimento de caixa nos últimos anos, a companhia recomprou, desde seu IPO na B3, em 2021, mais de 10% de suas ações. Apesar de agregar valor aos acionistas, o movimento de buy back reduz a liquidez dos ativos, já que há menos unidades em circulação, o que não é bom para o papel. “Não é nossa prioridade recomprar ações no momento”, disse o executivo, ressaltando que o preço atual dos papéis da Bemobi na Bolsa continua aquém do que deveria. Em 2025, as ações BMOB3 têm alta de cerca de 50%.
A proposta da empresa está muito clara: a gente quer melhorar drasticamente a experiência de clientes em vários setores com sua relação de pagamento, universalizando os pagamentos digitais e em vários canais digitais. Tudo o que estiver ao redor dessa proposta de valor, faz sentido pra gente olhar [as empresas para comprar].
O CEO afirmou que a Bemobi já deve ter estudado “umas 300 empresas” para possível aquisição nos últimos anos, mas que “M&A é meio binário: às vezes você faz um namoro de quase um ano e o negócio morre no último dia para assinar o contrato”. “Vai ser no momento que tiver que ser, mas o que eu posso dizer é que a gente está bem ativo”, completou.
Dividendos da Bemobi
Ripper falou ainda sobre a política de pagamento de dividendos da companhia, que prometeu pagar mais de R$ 200 milhões em proventos em 2025. Para tranquilizar o mercado sobre sua capacidade de honrar a promessa, a companhia também revelou há alguns meses um guidance de lucro líquido mínimo, um valor que seria necessário para que ela pudesse honrar a meta de distribuição aos acionistas — R$ 100 milhões, sendo que 64% desse valor já foi atingido no segundo trimestre do ano.
A empresa anunciou nesta semana o pagamento de R$ 30 milhões em Juros sobre o Capital Próprio neste mês de agosto. “A ideia é tentar manter esse balanço: manter o bom pagamento de dividendos, sem comprometer a nossa estratégia de médio e longo prazo, que é fazer M&As que façam sentido”, afirmou o presidente da Bemobi. Confira a entrevista na íntegra com o CEO Pedro Ripper no player acima, ou clique aqui.