Nos últimos 8 anos, o Grupo Fleury (FLRY3) fez 20 movimentos de M&A (fusões e aquisições). Apesar da quantidade expressiva de negócios, o gigante da medicina diagnóstica conseguiu terminar o segundo trimestre de 2025 com a alavancagem sob controle — o indicador encerrou junho em 1,1x (dívida líquida sobre Ebitda), o que significa que a companhia tem um bom caixa (R$ 2 bilhões) e menor necessidade de financiamento externo para conseguir honrar suas dívidas.
O segredo, segundo Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, é focar em negócios sólidos com alto potencial de agregar sinergias ao grupo. Em entrevista exclusiva ao Balanço em Foco, a executiva falou que a companhia segue de olho em novas oportunidades, embora um pouco mais cautelosa pelo cenário de juros mais altos, com a Selic em 15% ao ano, o que encarece o custo de capital das empresas.
“Olhando daqui para frente, nós temos um nível de alavancagem saudável, o que nos permite olhar para ativos, mas vamos manter essa disciplina [financeira], olhando para o pilar estratégico, cultural e dos parâmetros econômico-financeiros. Nós temos uma área de M&A que continua ativa, olhando para potenciais ativos, mas, de uma maneira geral, dado o custo de capital mais alto, essa disciplina em termos de alocação precisa ser seguida. É algo que a gente toma muito cuidado, mas lembrando que esses ativos também trazem Ebitda”, afirmou a executiva.
Jeane Tsutsui, CEO do Fleury. Crédito: Divulgação Fleury
Jeane não citou nomes de potenciais alvos de M&A do Fleury, mas enfatizou que o grupo está focado no core business, que é a medicina diagnóstica, e em regiões com crescimento sócio-econômico. Nos últimos anos, a empresa investiu em outras áreas da medicina, como em oftalmologia e infusões. Recentemente, o grupo negou rumores de que estaria considerando uma fusão com a Rede D’or.
Do ponto de vista estratégico, entrar em regiões com crescimento sócio-econômico, onde vemos oportunidades de expandir a nossa atuação com serviços de qualidade, adquirindo ativos que tenham um bom relacionamento médico com clientes. O aspecto cultural é muito importante porque nós integramos e capturamos sinergias.
As últimas duas compras do Fleury foram a do laboratório Confiance, na região de Campinas, no interior do estado de São Paulo, por R$ 130 milhões, e do Hemolab, em Conselheiro Lafaiete, na região central do estado de Minas Gerais, por quase R$ 40 milhões.
Resiliência do segmento premium
A CEO enfatizou ainda a importância do segmento premium para o grupo, que é responsável por 25% da receita total do Fleury, especialmente porque é uma gama de clientes que não costuma “abandonar” a marca em momentos de instabilidade econômica do País. “Quando a economia vai bem, esse grupo cresce, e em momentos mais desafiadores, tende a estagnar”, disse. “Neste ano de 2025, o segmento mantém crescimento de cerca de 5% na marca Fleury, por exemplo. Já tivemos crescimentos maiores”, completou.
“Vemos uma resiliência no segmento premium, com uma oportunidade de oferecer serviços diferenciados e integrados para que esta população continue cuidando da sua saúde. Temos serviços para outros segmentos, mas este continua sendo extremamente importante para o Grupo, não só em termos de portfólio, mas em serviços cada vez mais integrados. E a gente vem conseguindo aumentar a oferta para esse segmento”, afirmou.
A presidente do Fleury falou ainda que o grupo pretende continuar remunerando os acionistas através de dividendos e juros sobre o capital próprio — neste mês de agosto, a companhia aprovou o pagamento de R$ 169 milhões em JCP. Confira a entrevista na íntegra com a CEO Jeane Tsutsui no player acima, ou clique aqui.