Itaúsa deve elevar posição em empresas do portfólio, mas freia novos investimentos externos
Em entrevista ao Balanço em Foco, Priscila Grecco afirma que holding pode elevar fatia em empresas da carteira nos setores de infraestrutura e saneamento
Com a Selic em 15% ao ano, a janela de oportunidades para a Itaúsa (ITSA3;ITSA4) investir em um novo negócio está praticamente fechada, ao menos no curto e médio prazos, mas a holding não descarta ampliar sua parcela em companhias que já estão em seu portfólio, especialmente no setor de infraestrutura e saneamento, segundo a CFO da empresa, Priscila Grecco.
“Tendo em vista o cenário econômico e o custo de capital, que subiu bastante, estamos bem restritivos e seletivos na busca de novos investimentos, com o apetite bastante reduzido. Temos uma área de M&A [fusões e aquisições] ativa, que continua buscando oportunidades, principalmente fora da curva, com perspectiva de retorno bem expressivo e que justifique fazer um investimento neste momento, com este nível de custo de capital”, disse em entrevista exclusiva à websérie Balanço em Foco.
Está mais difícil encontrar investimentos fora da curva. Não temos perspectiva de fazer negócios novos no curto prazo.
De acordo com a executiva, a Itaúsa está mais focada internamente, em oportunidades dentro das empresas que já fazem parte do portfólio da holding. “Podem surgir oportunidades de a gente aumentar nossa participação, uma vez que algumas dessas nossas companhias, principalmente nos setores de infraestrutura e saneamento, estão com pipeline de projetos e novas concessões bastante robusto e demandando capital para continuarem crescendo”, afirmou.
Priscila Grecco, CFO da Itaúsa. Foto: divulgação
Sete empresas fazem parte da carteira da holding: além do Itaú Unibanco (ITUB4), estão Alpargatas (ALPA4), Dexco (DXCO3), Copa Energia, Motiva (MOTV3), Aegea e NTS (Nova Transportadora do Sudeste). A representante do setor de infraestrutura é a Motiva, antiga CCR, na qual a Itaúsa tem uma fatia de 10,3%. Já no segmento de saneamento, a Aegea tem 12,9% de seu capital nas mãos da Itaúsa.
A despeito do cenário econômico, a Itaúsa tem feito a lição de casa: a companhia conseguiu renegociar contratos, reduzindo seu custo administrativo e despesas, além de ter avançado no projeto de diminuição da alavancagem, fazendo resgate antecipado de mais de R$ 1 bilhão em debêntures, o que levou a uma queda da dívida. Ao mesmo tempo, a companhia continua com caixa robusto, de mais de R$ 4 bilhões.
Itaú Unibanco e dividendos
O bom momento do maior banco privado do País, o Itaú Unibanco, colabora para o crescimento da Itaúsa. A instituição financeira teve lucro líquido recorrente gerencial de R$ 11,5 bilhões entre abril e junho deste ano, uma alta de 14,3% sobre o valor registrado um ano antes. O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) e a margem financeira também cresceram no período, com avanço da carteira de crédito e inadimplência acima de 90 dias estável.
A margem com clientes deu um salto de 15,4% na comparação mensal, o que fez com que o banco revisasse sua estimativa para esse indicador no final de 2025 para uma expansão entre 11% e 14% (antes era de 7,5% a 11,5%). “É uma decorrência de todo um trabalho que o banco fez nos últimos anos de readequação da carteira, reduzindo o risco e alcançando uma carteira de grande qualidade, onde eles conseguem maximizar valor sem crescimento expressivo de custo de crédito e inadimplência”, avaliou a CFO.
Sobre dividendos, Grecco disse que a Itaúsa deve manter sua política de repasse de 100% dos proventos recebidos do Itaú Unibanco, segurando a remuneração que recebe das demais empresas do portfólio como distribuição de lucro para investir na própria operação e ajudar a reduzir custos. No primeiro semestre de 2025, a Itaúsa anunciou R$ 2,7 bilhões em juros sobre o capital próprio, com um payout acima dos 30%. Confira a entrevista na íntegra com a CFO Priscila Grecco no player acima, ou clique aqui.