“Rentabilidade menor é momentânea e devemos entregar o lucro previsto em 12 meses”, diz CEO do IRB(Re)
Em entrevista ao E-Investidor, Marcos Falcão destacou que a maior resseguradora do País segue se beneficiando dos juros altos e se mantém mais seletiva com os prêmios que assume; segundo ele, a empresa voltará a pagar dividendos em 2026
A queda de rentabilidade apresentada pelo IRB(Re) (IRBR3) no terceiro trimestre de 2025 é momentânea e a resseguradora, líder do mercado nacional, deve entregar o lucro líquido estimado de R$ 500 milhões no ano. A afirmação é do CEO Marcos Falcão, em entrevista exclusiva ao E-Investidor. Segundo o executivo, o ganho previsto vai garantir que a companhia volte a pagar dividendos em 2026.
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Entre julho e setembro deste ano, o IRB(Re) registrou um lucro líquido de R$ 99 milhões, uma queda de 15% sobre igual período de 2024. O resultado financeiro e patrimonial ficou em R$ 186 milhões, encolhendo 5,3% na mesma comparação, enquanto o resultado de subscrição foi de R$ 116 milhões, recuo de 2%.
“É um business volátil e sujeito a sinistros grandes. A gente faz a parte de resseguros, que são os contratos com as seguradoras, mas a gente também faz o que se chama de riscos facultativos, que são grandes riscos de grandes empresas. Eles vêm através de uma seguradora, mas como um risco específico e não um portfólio inteiro de uma seguradora. Às vezes, tem uma grande fábrica que apresenta um sinistro e isso distorce o nosso balanço naquele trimestre, é algo pontual”, disse o executivo.
Também houve recuo nos prêmios no 3T25 contra o 3T24. Os prêmios emitidos somaram R$ 1,927 bilhão entre julho e setembro, redução de 11% em um ano. Já os prêmios retidos, que descontam os riscos repassados pelo IRB(Re) a outros agentes, totalizaram R$ 866,1 milhões no trimestre, o que configura uma queda de 16,7%.
“O sinistro é bom. Pagar sinistro é sempre bom, é quando a gente entrega o serviço para o nosso cliente. O que eu tenho que ver é se eu estou pagando o sinistro dentro do que eu precifiquei de sinistro. Este é o nosso principal papel, precificar corretamente os riscos que chegam para nós”, completou o CEO.
A sinistralidade recuou 7 pontos percentuais em um ano, para 61%, reflexo de um trabalho que tem sido feito desde o ano passado, segundo Falcão, de “limpeza” de prêmios de qualidade ruim, ao mesmo tempo que a resseguradora se mantém mais seletiva com a subscrição de novos prêmios.
“A disciplina de subscrição é a coisa mais importante para nós. A gente gosta de prêmio se ele for atraente para a nossa companhia. Se ele não for atraente, a gente não vai subscrever”, enfatizou o executivo.
Despesas em alta, juros em queda
Aliado ao desempenho mais fraco dos prêmios, o IRB(Re) também apresentou aumento das despesas no terceiro trimestre de 2025, na comparação com o mesmo período do ano passado, tanto as despesas com comissões quanto as despesas administrativas. Segundo Falcão, especialmente as despesas administrativas são uma preocupação constante e merecem atenção.
“Sobre o aumento de comissões, foi sazonal, esporádico, e não é um problema. As despesas de comissão ficam historicamente em 20% do prêmio, às vezes um pouco mais ou um pouco a menos, mas sempre sob controle. Sobre as despesas administrativas, isso sim tira o meu sono. A gente precisa ganhar eficiência e escala. O meu foco daqui pra frente é fazer com que as despesas sobre prêmio tenham uma razão menor do que elas têm hoje. É uma meta minha”, afirmou o CEO.
O executivo falou ainda sobre o atual patamar da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, de 15% ao ano. O nível elevado ajuda a companhia a ganhar mais com investimentos, sustentando a boa solvência do negócio. Ele entende que os juros devem cair em 2026, mas ainda assim afirma que o patamar vai continuar alto, em dois dígitos, por “bastante tempo”, o que o deixa confortável em relação aos retornos de investimentos do grupo.
Volta dos dividendos
A expectativa de entrega de lucro em 2025 garante que a empresa voltará a pagar dividendos no ano que vem, segundo o CEO do IRB(Re). “A gente vai pagar com certeza 25% dos nossos lucros no ano que vem, seja via dividendos ou JCP [juros sobre o capital próprio]”, afirmou. “Vamos fechar o ano com um lucro significativo que vai permitir que a gente pague dividendos já no ano que vem.”
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“Eu acho que de 2026 em diante, ou seja, dividendos pagos a partir de 2027, vamos ter uma política de dividendos bastante agressiva, porque a gente tem uma empresa muito mais lucrativa hoje, com muita geração de caixa. A gente deve virar um bom pagador de dividendos e aqueles acionistas que se atraem por isso vão ser atraídos pelo IRB. Provavelmente vamos pagar mais que os 25% do lucro que estão previstos no estatuto”, concluiu o executivo.
Falcão também comentou sobre o crescimento das operações do IRB(Re) no exterior e sobre a prática de retrocessão da companhia (resseguro do resseguro, quando a resseguradora repassa a outra resseguradora parte do risco que assumiu de uma seguradora). Veja a entrevista na íntegra acima, ou clique aqui.